6 de maio de 2010

Preciosa

Há muito um filme não me comovia como o que assisti recentemente, Preciosa. Gostei do desempenho dos atores, gostei da direção e do roteiro, da fotografia e muito, mesmo, da trilha sonora, pois sou fã da música negra americana. E apesar de todo aquele drama existencial, perceber a esperança e o humor que persistiam na história de vida da garota.
Vemos tantas Preciosas por aí... quantos adolescentes não têm sonhos que são destruidos pela sociedade ou até pela própria família? Quando conseguem alcançar ao menos um deles, são sobreviventes e, quem sabe, heróis.
Hoje, próximo ao dia das mães, reflito sobre isso. Conheci um cara que foi criado por uma mãe adotiva, e já adulto, me disse que sua mãe verdadeira o havia procurado. Ele não quis papo com ela.
Na época, fiquei triste com aquela decisão, pois sempre ouvi por aí que "mãe é mãe", e imaginei sua mãe biológica sofrendo, querendo talvez reparar algum erro do passado mas ele não lhe dando essa chance. Hoje percebo que não podemos condenar ninguém se não temos conhecimento dos fatos. Não sei o que ela fez a ele além de não assumí-lo e essa resposta, só ele tem e a ele cabe decidir.
A maioria de nós foi criada com aquele bordão da igreja de que perdoar é divino, mas até quando devemos aplicá-lo e conviver com alguém que nos fez algum mal? Até que ponto nossa dignidade e nossa sobrevivência se torna menor do que isso? Como pode uma criança ser obrigada, por exemplo, a conviver com alguém que abusa dela, seja sexualmente ou moralmente?
Tirando o caso da procuradora que adotou uma menina para torturá-la, notório por causa da mídia, existem milhares de famílias tortas pelo mundo afora, pais biológicos ou adotivos e parentes cruéis desequilibrando pequenos seres humanos que ainda não sabem o que vieram fazer aqui. Muitos desses "responsáveis" às vezes, não percebem o que estão fazendo, e não têm consciência de que qualquer atitude que tomem pode desencadear traumas e traumas por toda uma vida.
Não sei o que foi feito da Preciosa do filme, já que a obra foi baseada numa história real. Mas sei o que acontece no meu país e na minha cidade, com tantas crianças nascendo de outras crianças, tão desamparadas como elas e que um dia, também venham a se tornar sobreviventes.

2 comentários:

  1. Esse filme foi um dos melhores que eu já vi. Deram o oscar praquela bobagem da guerra ao terror...
    Getulio

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  2. Esse filme me fez pensar em tuido que esse país tb tem, com suas crianças abandonadas e violentadas. Abusadores deviam assistir
    Muito bom
    Claudioi
    Pernambuco

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