15 de julho de 2010

A obrigação do carinho

Hoje eu quis escrever para uma pessoa muito querida e especial, a Marguerita. É um tipo de "recadinho", um esclarecimento sobre um pequeno mal entendido que rolou entre a gente, mas rola o tempo todo entre as pessoas e a maioria não se dá conta disso.
Sei que estou falando por mim e uns poucos amigos que pensam como eu, mas de tanto pensar nesse fato, já não tão isolado, resolvi postar por aqui.
A história começou quando combinamos de sair num domingo pra almoçar. Ela ficou de ligar pra marcar a hora de passar e me pegar. Na minha cabeça ficou claro isso, portanto, aguardei. Mas ela não ligou. O domingo começou, entrou pela tarde e à noite, imaginei que ela tivera outros compromissos. Normal, nem ligo tanto quando alguém marca alguma coisa comigo e fura. Mas se a pessoa não avisa, não desmarca, a gente não pode nem se articular pra reverter a situação, e isso é muito chato, principalmente se a gente já havia se programado pra tal compromisso. Às vezes, deixamos de fazer outras coisas, e aí não fazemos nem uma nem outra.
Claro que não fiquei chateada por não sair pra almoçar, já levei furos bem mais dramáticos. Mas o que eu queria dizer aqui, é que a gente tem que se responsabilizar por nossas escolhas, principalmente quando elas envolvem aqueles que nos querem bem.
Não foi a toa que eu adotei a frase de Saint-Exupéry, do Pequeno Príncipe: "tu te tornas responsável por aquilo que cativas".
Essa coisa de ligar pra avisar que não vamos encontrar alguém, é uma questão de delicadeza. É bom ser gentil com os amigos, dando uma satisfação do que não vamos mais fazer. Nossos planos mudaram, portanto, devemos avisar aos que contavam conosco, mesmo pra tomar um simples chopinho no pé sujo. Não sabemos o quanto aquela pessoa quer a nossa companhia, o quanto ela precisa conversar ou o quanto ela tem pra nos dar.
Isso não é uma reclamação com a Marguerita, até porque ela também ficou me esperando ligar e eu, simplesmente, não liguei. Estou falando de uma forma geral, pois vejo isso o tempo todo, gerando desencontros que, de tão reincidentes, acabam por danificar sentimentos.
Conheço gente que promete te buscar depois de uma cirurgia e não aparece, sem dar a menor satisfação. E ainda por cima, é incapaz de te ligar depois, ao menos pra saber se você está bem. Tem os menos traumáticos, aqueles que te convidam pro aniversário deles por e-mail. Não cogitam a possibilidade de você estar sem internet e não receber a mensagem, depois podem até reclamar da sua ausência na festa. Tudo bem, devemos lembrar a data de aniversário de todo mundo que a gente conhece...
Também têm os que omitem mudanças, aqueles que já tinham outro compromisso e não te avisam. Você os encontra mas o evento antes programado agora é outro, e você vai com eles sem saber pra onde está indo.
Deixar alguém na mão é admissível, todo mundo erra. Mas se comprometer em liberar o outro quando sabemos que vamos deixá-lo, acho uma obrigação. De amizadae, de carinho, consideração ou bem querer, tanto faz. Só sei que é legal quando a gente se sente lembrado por alguém, e essa simples atitude faz a diferença. Sabemos que aquela pessoa que nos avisou, desmarcando mesmo na última hora, tem um certo respeito por nós, e isso tem a ver com a tal gentileza que tanto faz falta nas pessoas nos dias de hoje.
Não é o caso da minha amiga, essa é especial e tem carinho pra caramba. Pode esquecer disso às vezes, mas eu sei que ela tem.

10 de julho de 2010

Quando falávamos sobre o caso do goleiro e o até então suposto assassinato de sua ex amante enquanto almoçávamos, alguns colegas de trabalho deram suas opiniões. É interessante ouvir o pensamento das pessoas mas, algumas vezes pra mim, é também aterrorizante. É desanimador constatar que existe gente que, apesar de valorizar a
vida humana, desconsidera certos valores morais, valores esses que por deixarem de existir, consequentemente levam a circustâncias trágicas.
A questão era como tudo começou. Como a mulher surgiu na vida do goleiro e tudo o que ela fez pra chegar, até as presentes notícias, a virar comida de cachorro.
Eu fico meio chocada ao saber que uma mulher, em pleno século XXI, ainda busca se valer do sexo para ter algo de valor na sua vida. E mais me choca entender que esse algo de valor não é apenas dinheiro ou bens materias que elas conseguem através de pensões provenientes de um divórcio ou de um filho (muitas vezes gerados com essa finalidade). Elas também buscam uma certa fama. Querem ser conhecidas como as que acompanham celebridades, já que não têm nenhuma virtude ou característica pessoal que as façam famosas por si só. Por isso, se escoram no cara que é famoso, que tem dinheiro, que possa bancar-lhes as migalhas de vantagens que elas só conheciam através das revistas, novelas e filmes, e que nunca conseguiriam sozinhas por suas limitadas capacidades.
Pois bem, aí veio um colega dizer que ela estava certa! Não tinha nada, era uma Maria Ninguém, fez bem em colar no Bruno que é famoso e rico, mesmo sendo ele casado e pai de duas crianças. E, se ele deu mole, que mal havia nisso?
Ou seja, ficou claro pra mim que muita gente aprova o comportamento dela. Uma Maria Ninguém que evoluiu para Maria Chuteira. E também ficou claro pra mim que as atitudes dela, quando divulgadas nas entrevistas anteriores ao seu desfecho fatal, mostravam quais suas verdadeiras intenções em relação a sua vida. Ela queria, de fato, ser famosa, gostava de aparecer enaltecendo seus dotes físcos, sua beleza, fazendo do seu corpo objeto de desejo.
Pelo que entendi, a profissão de prostituta também evoluiu. Pra que rodar bolsinha na rua quando se pode conseguir bem mais, investindo num relacionamento que não precise durar até que a morte os separe? E se essa relação for coroada com um filho, aí é tirar a sorte grande, é grana pra vida toda!
Meu colega só não disse como a coisa ficaria se ele estivesse na pele do goleiro.
Aceitaria o assédio da mulher? Bancaria os desejos materiais dela? Talvez, afinal ele é um macho, e o macho precisa do sexo, não importa a circunstância moral. Prova disso é o que a maioria dos caras fazem quando conseguem todo esse poder financeiro: suas festinhas recheadas de mulheres, todas em busca de grana e fama. Por outro lado, há também os outros machos que fariam exatamente a mesma coisa que o goleiro fez: livrariam-se da mulher pra não precisar dividir seu patrimônio.
Aí a gente lembra dos movimentos feministas, e as pesquisas que mostram o quanto as mulheres conseguiram se igualar aos homens em termos de salário e profissão.
Mas ao mesmo tempo, quantas ainda têm o mesmo pensamento sombrio que as desqualificam e lhes dão orgulho de serem Marias Chuteiras? Quantas trocam as salas de aula e os livros por operações plásticas que as façam mais belas? Quantas gastam grande parte de seu salário em alisamento de cabelo? Quantas se preocupam mais com belas e boas roupas que valorizem seu corpo, muitas vezes, recém lipoaspirado? E, somente, para encontrar um cara que lhes aproxime dos padrões sociais e financeiros que elas jamais teriam por méritos próprios através de um trabalho normal.
Eu vejo isso o tempo todo. Vejo meninas que buscam a companhia de pessoas que têm coisas que elas gostariam de ter. Não importa se essas pessoas, eleitas por elas até como um "exemplo", tenham caráter duvidoso. Não importa se falam errado ou se nem sabem escrever. Se são bandidos, traficantes, ladrões, golpistas, elas não ligam. Só levam em consideração as vantagens de estar em tais companhias.
Por serem tão jovens, parece que seus pais também desconhecem os bons valores, então tá tudo normal. O grande problema é que essas jovens um dia se tornarão mulheres e aí eu fico pensando se, um dia, teremos como presidente do país uma Maria Chuteira que vai decretar feriados a cada jogo de final de campeonato que não caia num domingo.