25 de dezembro de 2009

O grupo e seu líder

Observo coisas curiosas do dia a dia que envolvem um grupo que pode ser de amigos, de trabalho, ou até de estranhos que se encontram em determinada situação. A reação dessas pessoas é, muitas vezes, incompreensível pro meu parco entendimento. Existe um caminho a ser escolhido, e tal escolha depende da decisão pessoal de cada um do grupo que, por sua vez, precisa chegar a um consenso. Até aí, tudo bem, mas o que dizer se essa decisão é tomada de forma não tão racional? Melhor dizendo, é quando as pessoas deixam o emocional prevalecer sobre a razão e o caminho escolhido é o pior possível.
Fico pensando se, no fundo, eles sabem que foram dominados pelo sentimentalismo e já se resignaram com as consequências dessa escolha.
Se o grupo tem um líder que é incompetente o suficiente para prejudicar todo mundo mas vende a imagem de bonzinho, de amigo e, muitas vezes, o injustiçado que é perseguido por ser tão legal, as pessoas têm uma tendência a se penalizar, mesmo conhecendo seus erros que nunca são questionados. Quem se atreve a questionar o líder?
Existe uma tendência, segundo psicólogos, de que as pessoas torcem sempre pelo mais fraco, pelo menor, pelo mais pobre. Quem não conhece a história de Davi e Golias? Pois bem, mesmo que o Davi seja um grande filho da puta, todo mundo vai torcer por ele, porque ele é supostamente mais fraco que o seu oponente.
Um dia ouvi um cara muito poderoso falar sobre as consequências de se deixar levar pela compaixão sem racionalizar decisões. Não que sentimentos sejam ruins, pelo contrário, mas há momentos em que eles são absolutamente desnecessários. A vida real É assim! Principalmente no mundo dos negócios, na vida profissional. Ele disse que jamais chegaria onde chegou se tivesse, em vários momentos de sua vida, compaixão por alguém que tomava decisões erradas, apesar de ter sido muito bem orientado.
É claro que os erros acontecem, mas eles têm um limite, e quando esse limite é alcançado, o errante tem que ser responsabilizado definitivamente. Ou alguém acha legal passar a mão na cabeça de uma criança que faz algo errado?
Voltando ao grupo. Diante de tantos erros cometidos pelo líder, as consequências foram desastrosas e todo mundo se deu mal. Mas, diante do sentimentalismo que impera, ninguém tem coragem de questionar ou contestar. E eu me pergunto: porque? Será tão difícil assim as pessoas, mesmo hierarquicamente inferiores, se manifestarem quando estão com a razão? É complicado apontar os erros do líder mesmo com todo mundo (com o perdão da palavra) se fudendo? E desde quando apontar um erro se tornou uma coisa tão abominável? Se apontamos os erros de uma criança, é para que ela aprenda aquilo que não deve mais ser feito, e isso também se aplica aos adultos.
Mas o "líder" conta uma historinha tão penalizante para justificar seus erros (quando os reconhece) que o grupo acaba esquecendo o valor da sinceridade, a auto estima e a dignidade de se posicionar para defender os seus direitos. Talvez nem sintam tanta pena assim, mas o medo de se manifestar é maior e aí, fica tudo na mesma.
Admiro grupos unidos, mas desse grupo, especialmente, quero ficar de fora.

23 de dezembro de 2009

Então, é natal

Eu gostei do natal até o dia em que descobri que Papai Noel não existia. Daí em diante, passei meus natais com aquela sensação horrível de obrigação, já que minha família fazia (e faz) questão absoluta de comemorar. Com a minha presença, é claro. Mas já vi festas de natal acontecerem em outras famílias, e também já ouvi muita gente reclamando da hipocrisia e da mesma obrigatoriedade. Hipocrisia porque diziam que os parentes passavam o ano inteiro com desavenças entre eles, muita confusão, várias brigas mas, num passe de mágica, tudo desaparecia durante o natal. Será mesmo? Acho que não, pois antes de acabar o ano, lá estavam eles brigando outra vez. E muitas vezes, até durante a festa em si, na hora da ceia, na hora dos presentes...
Não sei quando exatamente começou o meu ceticismo, o fato é que hoje em dia, não ligo pra nada disso. Recebo uma penca de e-mails (até um tempo atrás eram cartões) desejando isso e aquilo, tudo pro natal e ano novo, e quando se trata deste último até que me bate uma fezinha de que as coisas efetivamente melhorem, mas continuo achando que rola um frisson coletivo nessa época.
Conheço gente que, como eu, considera o natal um dia como outro qualquer, mas consegue curtir com mais apego do que eu. Gostaria de ser um pouco assim, também. Mesmo sem levar a sério o fator da religiosidade, eles se dão ao trabalho (pra mim, intenso) até de produzir a festa, e isso inclui ir pra cozinha e encostar a barriga no fogão pra preparar aquela comilança toda que, juro, até hoje não entendo o porquê desse exagero gastronômico quase obrigatório.
Nunca esqueci as nozes, avelãs ou coquinhos e sei lá mais o quê, que enchiam as mesas e ninguém comia. Os mais velhos, as vezes sem dentes suficientes, faziam questão de ter aquilo na festa, mas jamais se aventuravam a degustá-los. E o que sobrava (porque sempre sobrava) ficava enchendo as geladeiras até a metade do outro ano que já havia deixado de ser novo.
Outra coisa tão incompreensível quanto o fator alimentação, pra mim, é o conceito estético que surge no inconsciente coletivo, mas que felizmente, já vem se modificando de uns tempos pra cá. As árvores de natal, por exemplo, eram decoradas com algodão. Porque o algodão imitava a neve! Mas desde quando a gente tem neve por aqui? E porque diabos o tal do Papai Noel tem que usar aquela roupa super aquecida num verão de 40º graus???
Pra quem não sabe, até o final do século XIX, ele era representado com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem com a roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, que foi, convenientemente, aproveitada em 1931 pela Coca-Cola numa grande campanha publicitária, já que eram as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas na época), fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo.
Os religiosos mais fervorosos não aprovam esses excessos que nada têm a ver com a verdadeira intenção da mensagem natalina e do que ela representa, já que tudo acaba girando em torno do famigerado consumismo. O interessante é que muitas gente também sabe disso mas não consegue se desvencilhar dos shoppings.
Por essas e outras é que eu não ligo pro natal. Até que fui convidada pra uma festa no dia 24, mas ainda estou resolvendo o vou não vou. De qualquer forma, festa é sempre bom e se todos estão felizes, melhor ainda. A vantagem é que entre amigos (sinceros), não rola hipocrisia e consequentemente, as baixarias, assim espero.
Pra quem gosta, Feliz Natal!!!

Agradecendo

Sei que é epoca de natal e eu nem ligo muito, e sobre isso eu escrevo no próximo post, mas nesse aqui, especialmente, quero agradecer os elogios e fazer deles meu presente de natal. Já comentei sobre os anônimos e seus comentários maravilhosos, mas eles nem sabem o quanto eu fico feliz por simplesmente fazerem parte dessa história toda de blog.
Eu comecei a escrever pra exorcisar meus pensamentos que já me causaram crises de ansiedade, e ainda bem, funciona até hoje como um ansiolítico super potente. Só não esperava ter seguidores, muito menos palavras tão gentis.
Também já disse que adoraria conhecê-los, mesmo que virtualmente, pois tem gente que se manifesta de lugares distantes, mas tem gente também que, seja lá por qual razão, prefere continuar anônimo. Uma pena, mas continuo respeitando isso.
Mesmo assim, muitíssimo obrigada!

13 de dezembro de 2009

Comunicação e amizade

Tão bom quanto conhecer lugares ou pessoas, é conhecer idéias ou pensamentos. E quando isso vem através do seu trabalho, melhor ainda. Significa que ele nos dá lucros mais importantes que os monetários. E foi isso que me aconteceu quando, ao fazer o site de uma cliente e amiga, recebi dela uma frase pra colocar na abertura do mesmo e que dizia isso: "A amizade alimenta-se da comunicação", e é de um pensador francês do sec. XVI, Michel de Montaigne.
Achei essa frase absolutamente verdadeira e, por isso, maravilhosa, pois imediatamente refleti no porquê de algumas amizades que perduram anos a fio apesar dos arranhões pertinentes ao convívio humano. São aquelas amizades que se mantêm firmes, pois sempre se realinham naturalmente caso ocorra algum desgaste.
E nessa frase, encontrei o segredo (talvez um deles): a comunicação que, indo mais fundo, faz parte da afinidade. É óbvio que grandes amigos têm que ter afinidade conosco, se não, não rola comunicação, nem interatividade, nem cumplicidade, nem nada.
Então fiquei feliz, me senti privilegiada. Porque tenho amigos com quem sou capaz de passar horas a fio conversando e o papo não acaba nunca. A gente pode discordar, mas aí é que o assunto cresce, dá espaço pra outro, que lembra outra coisa e por aí vai. Isso não só alimenta a amizade como a nós mesmos, nosso raciocínio, nosso intelecto, nossa auto estima. Atrevo-me a dizer que, depois dessas longas conversas com eles, me sinto mais bonita, mais forte e mais inteligente.
Talvez por admiração, tesão, carência ou até uma incrível estupidez, já namorei gente que não tinha nem a metade dessa afinidade. Pessoas com pensamento e ideologia tão diferentes dos meus que, hoje em dia, fico mais leve por não fazerem parte desse meu pequeno círculo de amigos. Esses "ex-amores" até que tentaram manter a amizade, mas não deu. Por mais que tenham feito algo muito bacana por mim, coisa que agradeço muitíssimo, já tiveram seu retorno. E vamos combinar que amigo não é só papo, como também não é só estar ao lado nos momentos complicados. E a pessoa que se diz amiga só por estar ao teu lado ou te prestar favores, não é bem uma amiga. É assistencialista. E assistência, a gente deve prestar a qualquer ser humano, seja ele conhecido, amigo ou não.

6 de dezembro de 2009

O veneno

Até pouco tempo atrás a minha ingenuidade não me permitia enxergar muito bem o "veneno" que algumas pessoas destilavam. Fosse aquele veneninho bobo, uma brincadeira entre amigos, ou aquele veneno mais consistente que comprometia e até destruia qualquer tipo de relacionamento.
Hoje, ainda bem, estou mais esperta. Já consigo interpretar essa destilação de alguns, mesmo quando eles nem têm consciência de que o estão fazendo.
Tem gente que até numa festa, onde deveria estar se divertindo, resolve criticar alguém. Faz aquela avaliação básica do outro, baseada no que, supostamente, julga ser certo ou errado. Muitas vezes, nem conhece direito o alvo que está criticando, e sai por aí comentando com uns e outros o que pensa que está vendo.
Essa gente não enxerga bem. Precisa de óculos para a alma e um ansiolítico para o sistema nervoso. Porque não dá pra falar de alguém com quem não convivemos, não dá pra dizer se fulano agiu certo ou errado se não estávamos no seu lugar, nem dá pra saber se doeu porque o calo não era no nosso pé.
Acredito que esse tipo de veneno é fruto de uma ignorância (talvez emocional) mas no sentido mais simples, burrice mesmo.
Outro dia, falávamos sobre a inveja, e que ela teria a ver com o veneno. Concordo, são coisas diferentes mas que, no fim,levam pro mesmo buraco. Uma colega comentou que a prima era invejosa ao ponto de endividar-se para ter tudo que uma outra pessoa conseguia. Se alguém comprava uma geladeira nova, ela ia lá e comprava outra igual ou qualquer coisa do mesmo valor. Se uma amiga viajava pra algum lugar, ela fazia um pacote de viagens e viajava depois. Podia ser outro lugar, mas ela ia.
Daí, lembrei do que uma grande amiga me ensinou, e que aprendeu com o Zuenir Ventura (acho que foi ele): a inveja não é querer tudo que o outro tem. É não querer que o outro tenha. Concordei geral, e disse isso pra minha colega. Acho que a prima não era invejosa, e sim, consumista. Talvez uma recalcada que não estava feliz consigo mesma e precisava adquirir bens pra se sentir à altura dos que a cercavam, portanto, digna de pena.
Agora, a forma como minha colega via e comentava esse comportamento da prima, foi que me chamou a atenção. Acho que ela nem percebeu, mas por conta da já citada burrice, destilou um veneninho básico. As pessoas vêem aquilo que elas querem ver, e interpretam de acordo com aquilo que elas têm dentro de si.