25 de dezembro de 2009

O grupo e seu líder

Observo coisas curiosas do dia a dia que envolvem um grupo que pode ser de amigos, de trabalho, ou até de estranhos que se encontram em determinada situação. A reação dessas pessoas é, muitas vezes, incompreensível pro meu parco entendimento. Existe um caminho a ser escolhido, e tal escolha depende da decisão pessoal de cada um do grupo que, por sua vez, precisa chegar a um consenso. Até aí, tudo bem, mas o que dizer se essa decisão é tomada de forma não tão racional? Melhor dizendo, é quando as pessoas deixam o emocional prevalecer sobre a razão e o caminho escolhido é o pior possível.
Fico pensando se, no fundo, eles sabem que foram dominados pelo sentimentalismo e já se resignaram com as consequências dessa escolha.
Se o grupo tem um líder que é incompetente o suficiente para prejudicar todo mundo mas vende a imagem de bonzinho, de amigo e, muitas vezes, o injustiçado que é perseguido por ser tão legal, as pessoas têm uma tendência a se penalizar, mesmo conhecendo seus erros que nunca são questionados. Quem se atreve a questionar o líder?
Existe uma tendência, segundo psicólogos, de que as pessoas torcem sempre pelo mais fraco, pelo menor, pelo mais pobre. Quem não conhece a história de Davi e Golias? Pois bem, mesmo que o Davi seja um grande filho da puta, todo mundo vai torcer por ele, porque ele é supostamente mais fraco que o seu oponente.
Um dia ouvi um cara muito poderoso falar sobre as consequências de se deixar levar pela compaixão sem racionalizar decisões. Não que sentimentos sejam ruins, pelo contrário, mas há momentos em que eles são absolutamente desnecessários. A vida real É assim! Principalmente no mundo dos negócios, na vida profissional. Ele disse que jamais chegaria onde chegou se tivesse, em vários momentos de sua vida, compaixão por alguém que tomava decisões erradas, apesar de ter sido muito bem orientado.
É claro que os erros acontecem, mas eles têm um limite, e quando esse limite é alcançado, o errante tem que ser responsabilizado definitivamente. Ou alguém acha legal passar a mão na cabeça de uma criança que faz algo errado?
Voltando ao grupo. Diante de tantos erros cometidos pelo líder, as consequências foram desastrosas e todo mundo se deu mal. Mas, diante do sentimentalismo que impera, ninguém tem coragem de questionar ou contestar. E eu me pergunto: porque? Será tão difícil assim as pessoas, mesmo hierarquicamente inferiores, se manifestarem quando estão com a razão? É complicado apontar os erros do líder mesmo com todo mundo (com o perdão da palavra) se fudendo? E desde quando apontar um erro se tornou uma coisa tão abominável? Se apontamos os erros de uma criança, é para que ela aprenda aquilo que não deve mais ser feito, e isso também se aplica aos adultos.
Mas o "líder" conta uma historinha tão penalizante para justificar seus erros (quando os reconhece) que o grupo acaba esquecendo o valor da sinceridade, a auto estima e a dignidade de se posicionar para defender os seus direitos. Talvez nem sintam tanta pena assim, mas o medo de se manifestar é maior e aí, fica tudo na mesma.
Admiro grupos unidos, mas desse grupo, especialmente, quero ficar de fora.

23 de dezembro de 2009

Então, é natal

Eu gostei do natal até o dia em que descobri que Papai Noel não existia. Daí em diante, passei meus natais com aquela sensação horrível de obrigação, já que minha família fazia (e faz) questão absoluta de comemorar. Com a minha presença, é claro. Mas já vi festas de natal acontecerem em outras famílias, e também já ouvi muita gente reclamando da hipocrisia e da mesma obrigatoriedade. Hipocrisia porque diziam que os parentes passavam o ano inteiro com desavenças entre eles, muita confusão, várias brigas mas, num passe de mágica, tudo desaparecia durante o natal. Será mesmo? Acho que não, pois antes de acabar o ano, lá estavam eles brigando outra vez. E muitas vezes, até durante a festa em si, na hora da ceia, na hora dos presentes...
Não sei quando exatamente começou o meu ceticismo, o fato é que hoje em dia, não ligo pra nada disso. Recebo uma penca de e-mails (até um tempo atrás eram cartões) desejando isso e aquilo, tudo pro natal e ano novo, e quando se trata deste último até que me bate uma fezinha de que as coisas efetivamente melhorem, mas continuo achando que rola um frisson coletivo nessa época.
Conheço gente que, como eu, considera o natal um dia como outro qualquer, mas consegue curtir com mais apego do que eu. Gostaria de ser um pouco assim, também. Mesmo sem levar a sério o fator da religiosidade, eles se dão ao trabalho (pra mim, intenso) até de produzir a festa, e isso inclui ir pra cozinha e encostar a barriga no fogão pra preparar aquela comilança toda que, juro, até hoje não entendo o porquê desse exagero gastronômico quase obrigatório.
Nunca esqueci as nozes, avelãs ou coquinhos e sei lá mais o quê, que enchiam as mesas e ninguém comia. Os mais velhos, as vezes sem dentes suficientes, faziam questão de ter aquilo na festa, mas jamais se aventuravam a degustá-los. E o que sobrava (porque sempre sobrava) ficava enchendo as geladeiras até a metade do outro ano que já havia deixado de ser novo.
Outra coisa tão incompreensível quanto o fator alimentação, pra mim, é o conceito estético que surge no inconsciente coletivo, mas que felizmente, já vem se modificando de uns tempos pra cá. As árvores de natal, por exemplo, eram decoradas com algodão. Porque o algodão imitava a neve! Mas desde quando a gente tem neve por aqui? E porque diabos o tal do Papai Noel tem que usar aquela roupa super aquecida num verão de 40º graus???
Pra quem não sabe, até o final do século XIX, ele era representado com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem com a roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto, que foi, convenientemente, aproveitada em 1931 pela Coca-Cola numa grande campanha publicitária, já que eram as cores de seu rótulo. Tal campanha, destinada a promover o consumo de Coca-Cola no inverno (período em que as vendas da bebida eram baixas na época), fez um enorme sucesso e a nova imagem de Papai Noel espalhou-se rapidamente pelo mundo.
Os religiosos mais fervorosos não aprovam esses excessos que nada têm a ver com a verdadeira intenção da mensagem natalina e do que ela representa, já que tudo acaba girando em torno do famigerado consumismo. O interessante é que muitas gente também sabe disso mas não consegue se desvencilhar dos shoppings.
Por essas e outras é que eu não ligo pro natal. Até que fui convidada pra uma festa no dia 24, mas ainda estou resolvendo o vou não vou. De qualquer forma, festa é sempre bom e se todos estão felizes, melhor ainda. A vantagem é que entre amigos (sinceros), não rola hipocrisia e consequentemente, as baixarias, assim espero.
Pra quem gosta, Feliz Natal!!!

Agradecendo

Sei que é epoca de natal e eu nem ligo muito, e sobre isso eu escrevo no próximo post, mas nesse aqui, especialmente, quero agradecer os elogios e fazer deles meu presente de natal. Já comentei sobre os anônimos e seus comentários maravilhosos, mas eles nem sabem o quanto eu fico feliz por simplesmente fazerem parte dessa história toda de blog.
Eu comecei a escrever pra exorcisar meus pensamentos que já me causaram crises de ansiedade, e ainda bem, funciona até hoje como um ansiolítico super potente. Só não esperava ter seguidores, muito menos palavras tão gentis.
Também já disse que adoraria conhecê-los, mesmo que virtualmente, pois tem gente que se manifesta de lugares distantes, mas tem gente também que, seja lá por qual razão, prefere continuar anônimo. Uma pena, mas continuo respeitando isso.
Mesmo assim, muitíssimo obrigada!

13 de dezembro de 2009

Comunicação e amizade

Tão bom quanto conhecer lugares ou pessoas, é conhecer idéias ou pensamentos. E quando isso vem através do seu trabalho, melhor ainda. Significa que ele nos dá lucros mais importantes que os monetários. E foi isso que me aconteceu quando, ao fazer o site de uma cliente e amiga, recebi dela uma frase pra colocar na abertura do mesmo e que dizia isso: "A amizade alimenta-se da comunicação", e é de um pensador francês do sec. XVI, Michel de Montaigne.
Achei essa frase absolutamente verdadeira e, por isso, maravilhosa, pois imediatamente refleti no porquê de algumas amizades que perduram anos a fio apesar dos arranhões pertinentes ao convívio humano. São aquelas amizades que se mantêm firmes, pois sempre se realinham naturalmente caso ocorra algum desgaste.
E nessa frase, encontrei o segredo (talvez um deles): a comunicação que, indo mais fundo, faz parte da afinidade. É óbvio que grandes amigos têm que ter afinidade conosco, se não, não rola comunicação, nem interatividade, nem cumplicidade, nem nada.
Então fiquei feliz, me senti privilegiada. Porque tenho amigos com quem sou capaz de passar horas a fio conversando e o papo não acaba nunca. A gente pode discordar, mas aí é que o assunto cresce, dá espaço pra outro, que lembra outra coisa e por aí vai. Isso não só alimenta a amizade como a nós mesmos, nosso raciocínio, nosso intelecto, nossa auto estima. Atrevo-me a dizer que, depois dessas longas conversas com eles, me sinto mais bonita, mais forte e mais inteligente.
Talvez por admiração, tesão, carência ou até uma incrível estupidez, já namorei gente que não tinha nem a metade dessa afinidade. Pessoas com pensamento e ideologia tão diferentes dos meus que, hoje em dia, fico mais leve por não fazerem parte desse meu pequeno círculo de amigos. Esses "ex-amores" até que tentaram manter a amizade, mas não deu. Por mais que tenham feito algo muito bacana por mim, coisa que agradeço muitíssimo, já tiveram seu retorno. E vamos combinar que amigo não é só papo, como também não é só estar ao lado nos momentos complicados. E a pessoa que se diz amiga só por estar ao teu lado ou te prestar favores, não é bem uma amiga. É assistencialista. E assistência, a gente deve prestar a qualquer ser humano, seja ele conhecido, amigo ou não.

6 de dezembro de 2009

O veneno

Até pouco tempo atrás a minha ingenuidade não me permitia enxergar muito bem o "veneno" que algumas pessoas destilavam. Fosse aquele veneninho bobo, uma brincadeira entre amigos, ou aquele veneno mais consistente que comprometia e até destruia qualquer tipo de relacionamento.
Hoje, ainda bem, estou mais esperta. Já consigo interpretar essa destilação de alguns, mesmo quando eles nem têm consciência de que o estão fazendo.
Tem gente que até numa festa, onde deveria estar se divertindo, resolve criticar alguém. Faz aquela avaliação básica do outro, baseada no que, supostamente, julga ser certo ou errado. Muitas vezes, nem conhece direito o alvo que está criticando, e sai por aí comentando com uns e outros o que pensa que está vendo.
Essa gente não enxerga bem. Precisa de óculos para a alma e um ansiolítico para o sistema nervoso. Porque não dá pra falar de alguém com quem não convivemos, não dá pra dizer se fulano agiu certo ou errado se não estávamos no seu lugar, nem dá pra saber se doeu porque o calo não era no nosso pé.
Acredito que esse tipo de veneno é fruto de uma ignorância (talvez emocional) mas no sentido mais simples, burrice mesmo.
Outro dia, falávamos sobre a inveja, e que ela teria a ver com o veneno. Concordo, são coisas diferentes mas que, no fim,levam pro mesmo buraco. Uma colega comentou que a prima era invejosa ao ponto de endividar-se para ter tudo que uma outra pessoa conseguia. Se alguém comprava uma geladeira nova, ela ia lá e comprava outra igual ou qualquer coisa do mesmo valor. Se uma amiga viajava pra algum lugar, ela fazia um pacote de viagens e viajava depois. Podia ser outro lugar, mas ela ia.
Daí, lembrei do que uma grande amiga me ensinou, e que aprendeu com o Zuenir Ventura (acho que foi ele): a inveja não é querer tudo que o outro tem. É não querer que o outro tenha. Concordei geral, e disse isso pra minha colega. Acho que a prima não era invejosa, e sim, consumista. Talvez uma recalcada que não estava feliz consigo mesma e precisava adquirir bens pra se sentir à altura dos que a cercavam, portanto, digna de pena.
Agora, a forma como minha colega via e comentava esse comportamento da prima, foi que me chamou a atenção. Acho que ela nem percebeu, mas por conta da já citada burrice, destilou um veneninho básico. As pessoas vêem aquilo que elas querem ver, e interpretam de acordo com aquilo que elas têm dentro de si.

26 de novembro de 2009

A moça, a saia, a faculdade

Tem tempo que eu queria escrever sobre aquele incidente da moça da saia curtinha na Unibam. Que história mais idiota, tanto o fato em si como todos os envolvidos. Aí, hoje uma amiga muito inteligente me enviou um e-mail com esse texto que transcrevo abaixo. E ele tem tudo a ver com o que eu penso, e se tivesse escrito algo sobre o caso, seria quase exatamente com a idéia do autor. Achei ótimo.

"SÃO PAULO (é o fim) – Fiz faculdade entre 1982 e 1985. Faculdade de riquinho, FAAP. Não havia sinal de movimento estudantil ali. Na verdade, com o fim da ditadura, a eleição de Tancredo e a perspectiva de diretas em 1989, o movimento estudantil se enfraqueceu e, sendo bem sincero, foi sumindo aos poucos. Minha atividade mais próxima da subversão foi vender sanduíches naturais para arrecadar dinheiro para uma festa das Diretas.

Hoje, as entidades representativas dos estudantes servem para emitir carteirinhas para a turba pagar meia-entrada em shows e no cinema. Sem um inimigo claro, que no caso das gerações imediatamente anteriores à minha era o governo militar, ficamos sem ter do que reclamar. Porque, no fundo, por conta da politização desses movimentos todos, a questão educacional foi colocada de lado por muitos anos, e deixou de ser prioridade.

Já como repórter, cheguei a cobrir algumas confusões na USP na segunda metade dos anos 80. Sem querer simplificar demais, mas recorrendo ao que minha memória me permite lembrar, o tema central era o aumento do preço do bandejão nos refeitórios da universidade. Deu greve e tudo. Muito pouco. Ainda mais porque, como se sabe, boa parte dos que conseguem chegar à USP vêm de escolas particulares, e o preço do bandejão não chegava a afetar seriamente o orçamento de ninguém.

O caso dessa moça de minissaia da Uniban poderia ser um bom motivo para despertar algum tipo de reação na molecada. De repúdio aos que ofenderam a menina, de reflexão sobre os rumos da universidade, de protesto contra sua expulsão, de perplexidade com o recuo da reitoria por razões obviamente mercantis.

Reitoria… Era palavra respeitada, antigamente. Hoje, os reitores dessas espeluncas mal falam português. A transformação do ambiente universitário em quitandas que vendem diplomas é assustadora. E os estudantes são coniventes. Não exigem ensino de qualidade, compromisso com a educação, porra nenhuma. Querem se formar logo, se possível pagando pouco, e dane-se o mundo.

Fico espantado ao observar como pensa e age essa juventude urbana entre 20 e 25 anos. São fascistóides, hedonistas, individualistas, retardados ao cubo. Basta ver o perfil da menina da minissaia no Orkut. Uma completa debilóide, mas nada diferente tenho certeza, de seus colegas de faculdade (vejam as “comunidades” às quais ela pertence; coisas como “Gosto de causar, e daí?”, “Sou loira sim, quem me aguenta?”, “Para de falar e me beija logo”, coisas do tipo). O que, evidentemente, não dá a ninguém o direito de fazer o que fizeram com ela. Até porque são todos iguais, idênticos, tontos, despreparados, sem noção.

Aí a Uniban expulsa a menina, dizendo que os alunos que a chamavam de “puta” e queriam bater na coitada estavam “defendendo o ambiente escolar”. Puta que pariu! Como é que pode? Como podem adultos, “educadores”, que teoricamente têm um pouco mais de neurônios em funcionamento, reduzirem a questão a isso? E criticarem a menina porque ela se veste assim ou assado, anda rebolando, “se insinua”?

Pior: muitos, mas muitos mesmo, alunos defenderam a expulsão. Acham que a menina é uma vagabunda que provoca os colegas. Bando de animais, intolerantes, sádicos, hostis, agressivos. Eu nunca deixaria um filho meu estudar numa universidade frequentada por esse tipo de gente e dirigida por cretinos do naipe dos que assinaram a expulsão e, depois, revogaram-na sem revelar o motivo — aquele que nunca será admitido, o prejuízo à imagem dessa porcaria de empresa, sim, empresa, e das mais lucrativas, porque chamar um negócio desses de “universidade” é desmoralizar a palavra.

O Brasil está fodido com essas gerações que vêm por aí. Um caso desses, que poderia trazer à tona discussões importantes sobre o comportamento dos jovens, suas angústias, seus rumos, resume-se ao tamanho da saia da moça e ao seu comportamento “inadequado”, seja lá o que for isso. A educação, neste país, tem sido negligenciada de forma criminosa há décadas. O governo poderia começar a limpar a área por essas fábricas de diploma, que surgem aos montes sem que ninguém se preocupe com o tipo de gente que está à frente delas.

O que se vê hoje, graças a essas faculdades privadas de esquina, sem história e princípios, é uma população cada vez maior de “nível superior” sem nível algum. Um desastre completo. Gente que não pensa, não argumenta, não lê, não raciocina coletivamente, se comporta como gado raivoso, passa o dia punhetando no Orkut e no MSN, escreve “aki”, “facu”, “xurras”, “naum”, “huahsuahsua”, um bando de tontos desperdiçando os melhores anos de suas vidas com uma existência vazia, um vácuo intelectual, sob o olhar perplexo de gerações, como a minha, que um dia sonharam em fazer um mundo melhor e, definitivamente, não conseguiram.

Somos todos culpados, no fim. Incluo-me."

Autor: Flavio Gomes - Categoria(s): Brasil

18 de novembro de 2009

Supertramp

Não sei onde eu estava com a cabeça que nunca mais havia escutado Supertramp. Supertramp me remete a um tempo glorioso, leve e feliz. Um tempo de sonhos que se concretizavam, mesmo que pela metade. Já estava de bom tamanho. Na nossa inocência tudo era possível, e nos contentávamos com tão pouco... Olhar as montanhas e ouvir a chuva, voar na estrada, andar sobre o barro, perceber todos os perfumes possíveis, ver a cor real do céu.
Será que esse tempo já se passou? Pra muita gente, creio que sim. Vejo muitos de nós nem lembrar que Supertramp existe, quiçá uma vez existiu. Mas sei que, se o ouvirem, vão sentir novamente a mesma coisa, porque é impossível não guardar dentro da gente uma lembrança tão boa. E acredito com todas as forças que é possível, sim, viver isso tudo novamente.
Agora o que eu desejo, não é voltar no tempo, mas voltar a sentir da mesma forma. Não preciso de paixões, nem de namoros, nem de dinheiro. Só quero a minha sensibilidade à flor da pele para captar todas as emoções boas que a vida e o mundo podem me dar. Mas seria bom que mais alguém pudesse estar aberto pra mesma coisa. Seria bom que pessoas soubessem se libertar e sonhar, rompendo os laços do concreto que se tornou as suas vidas e, TCHAM, voltarem a ser maleáveis. Chega de gente contida, que não quer dançar, que tem vergonha de rir com vontade, que se preocupa com os níveis, que dá valor às aparências, que não tem a elegância da sinceridade amena. Não quero mais esse povo perto de mim. Assim como Lenine cantou, só quero estar perto de quem me interessa, e me interessa quem gosta de ouvir Supertramp.

15 de novembro de 2009

A fé alheia

A forma como algumas pessoas lidam com a fé é algo que gera uma demanda, às vezes, tão chatinha que me dá preguiça. Porque elas precisam me convencer de sua própria fé? E porque precisam, igualmente, me convencer a seguir essa fé que só diz respeito a elas? É mais ou menos assim: eu gosto de beber café, você não gosta. Porque eu preciso te convencer de que o café é gostoso, faz bem, enfim... porque preciso que você BEBA o café??? Mutas vezes, imagino que esse convencimento seja mais para mim mesma do que para você. É como se eu precisasse do seu apoio e da sua cumplicidade para aceitar o fato de eu gostar tanto de café. Para acreditar que o café é bom e justificar meu vício por ele, você também precisa gostar. E beber, tanto quanto eu.
É assim que uns e outros se comportam em relação à fé. Tenho amigos que se exaltam pra me convencer de certas coisas que não entram na minha cabeça de jeito nenhum, e parece até que eles sabem a hora exata de me aborrecer com essas tentativas. Aproveitam o momento em que estou mais frágil para virem com aquele discurso, ora veemente, ora subliminar. E é muito chato.
Quando escuto isso de estranhos, finjo que concordo porque sei que a conversa vai acabar na próxima estação ou no próximo ponto (se a sorte permitir que o interlocutor ou eu saltemos do ônibus ou do metrô). Quando é com alguém do ambiente de trabalho, nem sempre evito o confronto, mantenho minhas teorias e discordo, e aquilo não gera tantos agravantes, pois colega de trabalho não é amigo. Mas quando são os amigos que fazem isso, aí a coisa fica complicada. Porque com amigo a gente tem liberdade de discordar e discutir. Podemos nos exaltar e até brigar, e daí, rola o desgaste.
Tem alguns meses que venho convivendo com um problema de saúde desconfortável, mas não grave. O tratamento gera mais problemas que a doença em si, e isso se agrava pela demora dos exames porque os médicos estão num congresso, porque o plano de saúde não tem médicos tão competentes, porque existe uma fila para se marcar uma simples consulta, enfim. Mas basta essa chateação para alguns amigos começarem com o famigerado "achismo". Eu já estou chateada com o problema, procuro um amigo pra conversar e escuto logo de cara: você precisa ler aquele livro O Segredo. Você precisa cuidar da sua cabeça, pois a mente é que fabrica as doenças. Tudo bem, acredito em doenças psicossomáticas e tenho 80% de certeza de que o meu problema é causado pelo stress. Mas daí a achar que todas a doenças são causadas pelo cérebro, é um pouco demais. E, sendo um problema psicossomático, preciso de um psiquiatra, não de um livro de auto ajuda.
Uma amiga, justificando essa "fé", chegou a questionar como um analgésico saberia onde iria atuar, em caso de dor. Como assim? O analgésico pensa? Foi a forma dela me convencer que, na verdade, o fato de meu cérebro já saber que eu estava tomando um remédio para dor, iria trabalhar na tentativa de acabar com aquela dor. Isso porque alguns autores escreveram que os placebos, usados em experiências medicamentosas, teriam o mesmo efeito que a droga em si. Então tá, ninguém precisa mais tomar remédio, basta mentalizar que os milagres acontecerão. Se você está com desnutrição e deficiência de vitamina B12, mentalize que ela será produzida naturalmente no seu organismo. Melhor, ela vai cair do céu e você nem precisa comer nada de origem animal para repor esse estoque (a vitamina B12 somente é encontrada em alimentos de origem animal, como carne, leite e ovos).
Outra amiga, ao ouvir minhas queixas, veio com a seguinte frase: eu acho que a sua energia não está legal, e você precisa fazer alguma coisa para melhorá-la. Tá, minha energia não está legal, então tenho que procurar a Light, e não o médico. Já outra insiste em me levar a um lugar pra desobstruir meus caminhos. Nesse caso teria que abrir mão da medicina e buscar um pai de santo...
Engraçado, todas essas amigas têm problemas de saúde, de trabalho, de dinheiro e de relacionamentos, não necessariamente nessa ordem, mas já que elas fazem tanto uso dessa fé que tanto pregam, será que seus problemas seriam menos graves que o meu? Porque eu preciso me convencer da mesma coisa em que elas acreditam? E porque elas AINDA têm problemas???
Por isso a analogia com a história do café. É mais fácil o ser humano se convencer de algo se tiver mais alguém com ele. É mais confortável uma pessoa que não goste de café, bebê-lo em companhia de outra, porque dessa forma uma conforta a outra e assim caminha a humanidade.

2 de novembro de 2009

Parada do orgulho gay

Sempre apoiei a iniciativa dessa passeata, mesmo sabendo que para a maioria dos seus participantes, a defesa do orgulho passa longe, e muitos ali nem sabem na verdade as razões desse evento. Desconhecem sua origem, sua história e não estão nem aí para o que acontece com eles e seus semelhantes em consequência do preconceito e da intolerância que ainda assola, infelizmente, a todos nós, seres humanos.
Tem a galera que vai pra levantar, literalmente, a bandeira (por sinal bem grande, a do arco íris). Tem a galera que resolve se expor só embaixo dela, a que se expõe explicitamente do lado de fora e às vistas de todos, tem a que vai só olhar, a que vai paquerar, a que vai pra dançar, enfim. Mas creio que muitos nem sairam do armário, estão ali como curiosos e não têm nenhuma coragem de lutar contra o preconceito, mesmo com apenas palavras de contestação a ele.
Já vi gente falar mal de gays para pessoas que são gays sem saber que elas o são. E elas sequer se calaramm, ainda concordaram com o discurso intolerante e com aquela cara de hipocrisia amarela. Achei muito feio, porque penso que ninguém precisa sair por aí dizendo com que sexo gosta de se relacionar, (até porque isso não faz a menor diferença) mas se omitir diante de uma opinião preconceituosa é, no mínimo, covardia.
A intolerância faz parte da história, e se não houvesse ela, não haveria vitórias. Os negros conseguiram, as mulheres conseguiram, e acredito que os gays também conseguirão, e num futuro próximo! O problema é que talvez o preconceito sempre exista, mesmo que ao contrário. Alguém já imaginou como seria uma sociedade composta na maioria de homessexuais que odiassem os héteros? Ou se os brancos fossem discriminados pelos negros e os homens submissos às mulheres?
Não basta só levantar a bandeira do orgulho gay, do orgulho negro, do feminino, do religioso etc. A bandeira, seja qual forem as suas cores, deve ser a da luta contra o preconceito, e este é único. Não importa a quem ele se dirija, ele simplesmente não deveria mais existir.


O anjo que não queria voar, apenas dançar


Êpa, caiu o cílio


Michael Jackson não morreu. Ele apenas deu um tempo e resolveu aparecer por aqui...


Diversão solitária na multidão

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Indivíduo devidamente alcolizado indagando para o policial se as "meninas" eram, de fato, meninas...


Tamancos lejones




A mulher gato

24 de outubro de 2009

A escola, a novela e o racismo

Ois, cá estou novamente. E ainda sem banda larga, pois a assistência técnica deve ter gostado de hospedar o meu modem, e como eles não têm previsão de entrega, penso que terei que apelar para o Procon... mais essa.
Bem, essa semana que passou foi relevante, porque assisti a como se processa o racismo, de uma forma nem tão velada como dizem por aí. A professora de alfabetização de uma determinada escola aqui do Rio enviou para onde eu trabalho, um material que vai se transformar em apostilas para suas crianças. Esse material é bastante ilustrado, e geralmente sou eu quem faço a maioria dessas ilustrações. Algumas eu crio e outras que já existem, tenho que modificar para se adequarem aos textos da apostila. E eis que minha supervisora me aparece com uma apostila aberta numa página em que o desenho de um personagem negro tinha uma anotação feita pela tal professora: "trocar desenho".
Tá, trocar este desenho por qual outro? Não, troca só o personagem negro por um branco.
Li o texto novamente para entender o porquê daquela troca de cor de pele; o personagem negro se chamava Mestre André, tocava instrumentos e tinha uma loja deles.
Especulamos, então, sobre o assunto. Mestre André pode ser nome de um cara que pratica capoeira. Também pode ser um mestre de obras. Um mestre cuca. Um mestre de salas de aula. Então, PQP, qualquer ofício destes pode ser desempenhado tanto por negros quanto por brancos, e por que diabos aquela professora cismou com o pretinho???
NUma realidade como a nossa, brasileiros feitos por mistura de raças, como ignorar os negros num livro escolar? Seria o mesmo que ignorar as crianças negras na sala de aula, e eu me senti absolutamente impotente por ter que fazer aquela tarefa. Cheguei a pensar em trocar o negrinho pelo Pequeno Príncipe, como uma forma de ironizar o preconceito, mas entendi que meu emprego estava em jogo e então, fiz um lourinho de olhos azuis.
Isso tudo só serviu para me dar mais certeza dessa coisa nojenta que é o racismo, e como ele existe por baixo das boas maneiras e da boa educação. Conheço gente que diz que não é racista, mas vendo Camila Pitanga no Faustão, fica indagando como ela pode ser tão bonita e ter um cabelo tão "bom", já que o pai é negro mesmo. "Ah, mas a mãe tem a pele mais clara..."
Também já ouvi a máxima daquele cara que que tem um amigo que é "pretinho" mas é legal. E também do sujeito que odeia negros mas não dispensa uma negra gostosona.
Hoje muitas revistas estampam a Taís Araujo Maravilhosa na capa. São inúmeras reportagens comentando o fato de duas novelas da Globo, agora, terem protagonistas negras, pois a Camila Pitanga também faz a mocinha na novela das seis. Legal pra elas e pra todo mundo que gosta de novela, mas tenho um pouco de preguiça dessa supervalorização do fato delas elas serem negras e terem um papel de destaque. Ás vezes me soa como "tadinhas, elas merecem, afinal são negras, devem ter sofrido tanto..."
Prefiro achar que são lindas e boas atrizes, pois nunca acreditei que uma raça pudesse determinar a competência de um ser humano.
Mas o interessante disso tudo é que, quando eu era criança, havia uma novela em preto e branco com o Sérgio Cardoso fazendo o papel de um negro. O nome era A Cabana do Pai Tomás, e acreditem, ele se pintava de negro para representar aquele papel.

4 de outubro de 2009

A máquina de abraçar

Esse foi o nome da peça que eu assisti nesta última sexta, no galpão do espaço cultural Tom Jobim, no Jardim Botânico. Não sou crítica de teatro nem de nada, mas tive que aproveitar meu espaço aqui pra falar dos meus sentimentos em relação ao espetáculo.
O texto do espanhol José Sanches Sinisterra é sobre as emoções autistas. Sim, ele invoca o autismo de uma personagem pra falar do afeto, o que me soou muito interessante. Na história, a personagem autista ganhara de presente uma máquina de abraçar. Porque, como todos sabem, os autistas são aqueles que vivem num mundo distante, particular, e têm dificuldades de lidar com o afeto. Por isso, a máquina chegou com a proposta de melhorar essa parte. Ela proporcionava o abraço na medida certa, no momento em que este era desejado ou necessitado.
Achei aquilo ótimo! Quantas vezes desejamos um abraço e ele não vem? Ou vem muito fraco, simplório, quando nossa intenção era um GRANDE abraço... E quando vem aquele abraço exagerado de alguém que nem temos tanta intenção de abraçar?
Transferi essa coisa do abraço, pro afeto em si. É a mesma coisa. Já desejei o afeto de pessoas que não me deram, e demorei a entender que essas pessoas não o deram, porque não o tinham para dar. Depois descobri que muitas vezes eu também já escasseei meu próprio afeto em relação a outras pessoas. Como também já fui sufocada pelo afeto excessivo, pois não precisava de tanto.
Todo mundo é assim. Mas nem todos se dão conta disso, e o que rola, então, é a chata daquela cobrança em relação ao desafetuoso de plantão. Pô, eu dou tanto carinho e quase não recebo nada em troca... eu dou tanta atenção e nunca me escutam... e por aí vai.
Acho que quando o cara imaginou essa "máquina de abraçar", ou de afeto, no meu entender, quis mostrar um tanto dessa vida louca e meio vazia de amor que levamos hoje em dia. Será necessário alguém inventar, realmente, uma parafernália dessas porque, haja visto, já vem acontecendo muita coisa nesse sentido de suprir a solidão amorosa. Ou alguém vai negar que, na internet, as salas de bate papo fazem parte desse pacote? As pessoas, na grande maioria, entram para buscar aquilo que lhes interessa, ou como a personagem autista, a pessoa na medida certa. Mesmo sabendo que essa pessoa não existe. Procura-se homens e mulheres bonitos, inteligentes, magros, românticos, que morem sozinhos, profissionais bem sucedidos, que tenham uma boa condição finaceira (essa condição é fundamental), sem filhos, sem vícios, enfim. Querem tudo isso mas NUNCA têm tudo isso pra dar.
Imagino que no futuro, dada a evolução da tecnologia e da engenharia genética, você vai acessar um chat e teclar com quem você desejar, de fato. Se quiser uma mulher igual a Gisele Bündchen, vai poder tê-la como médica, engenheira, atriz, morando sozinha, rica, sem filhos, sem cachorro, ou seja, você escolhe. Na verdade, tudo o que é conversado com ela ali, é processado num software qualquer e, após essa primeira interatividade, você usa o seu cartão de crédito e paga por ela. Sim, você vai ter que pagar. A partir do registro da conversa, a empresa pegará um daqueles clones que ficam no almoxarifado do laboratório, programa e pronto. Dali a alguns dias a "Gisele" te telefona e marca um encontro. Simples como a Oi...
Confesso que me assusto com essa galera que exige tantas coisas com o preciosismo da "medida" certa, principalmente a galera do bate papo. Pois se até hoje nunca compreendi muito bem nem o sexo virtual...

Imigrantes

Recebi de uma amiga, e concordo!
"Este cartaz, veiculado na Espanha por imigrantes de língua portuguesa, é um belo “tapa de luvas” naqueles que insistem em discriminar as pessoas..."

28 de setembro de 2009

A folha do coco

Mais um artista de rua pra minha coleção. Em alguns minutos esse cara puxa, estica, torce, dobra e aperta pra fazer essas coisinhas simples, porém tão mimosas. Um presente pra quem tá tomando seu chopinho sábado a noite. A folha com que ele faz isso é a do coqueiro, ou do coco, como ele explicou.






Interpretando expressões

A gente vai amadurecendo e entendendo um monte de coisas, e seria um desperdício não analisar tudo isso em prol da nossa existência. É que, de uns tempos pra cá, dei pra prestar atenção em como as pessoas se expressam, a princípio tomando por base a minha própria relação com elas, e cheguei a triste conclusão que, na maioria das vezes, o que eu percebo é uma grande hipocrisia. Pra ficar claro, eu defino essas expressões como sendo aquela fala, atitude ou até um olhar ou sorriso das pessoas diante de alguma situação.
E quando eu falo de hipocrisia, não é necessariamente uma hipocrisia consciente, porque muita gente não sabe se expressar de forma verdadeira. Também não estou falando de gentileza, porque até a pior verdade pode ser dita de forma gentil.
Andei convivendo algum tempo com gente que tem problemas com a verdade. Gente que não quer sair com você, mas sai de cara feia e ainda diz que está tudo bem. Gente que pensa algo ruim de você, porque interpretou de forma errada uma atitude sua, mas não tem coragem de tirar isso a limpo, e por causa dessa covardia acaba fechando na pior idéia a seu respeito. Mas você jamais saberá disso.
Enfim, porque é tão difícil dizer a verdade? Hoje, graças as maravilhas do amadurecimento, eu consigo captar nas expressões das pessoas quase tudo o que elas tentam esconder. E juro que já não tenho mais tanta paciência para dar uma chance da criatura dizer o que sente realmente. Prefiro, sinceramente, que ela se manifeste da pior maneira possível, mesmo que aquilo me magoe. Porque assim, eu sei com quem estou lidando e aí sim, fica mais fácil dar a segunda chance. É muito difícil se relacionar com alguém que não te olha nos olhos, e ainda tem aqueles que conseguem fazer isso, só que mentindo...
Tive uma relacionamento que acabou porque a pessoa além de não dizer a verdade, ainda negou veementemente. Tive "amigos" que também não diziam, e colegas de trabalho que se escondem atrás de monitores de 14 polegadas pra não encarar ninguém. É cômico, mas também dá pena. Essas pessoas parecem não ter maturidade, porque se eu digo o que penso, para elas estou reclamando. Elas são incapazes de lidar com a verdade, acho eu, por isso preferem ocultar seus verdadeiros conflitos atrás de sorrisos amarelos, frases de efeito supostamente carinhosas e aquele olhar... Ah, aquele olhar espantado, que demonstra todo o medo que elas tem de serem descobertas.
Esse não me passa mais desapercebido.
Penso que em qualquer relacionamento a gente tem que saber interpretar os fatos, ou sinais. Sim, porque nós emitimos sinais o tempo todo, a comunicação é baseada nisso. Se soubermos captar exatamente o sinal do outro através de uma atitude ou fala, teremos um forte alicerce pra lidar com aquela relação. Agora, só isso não basta. Se conseguirmos captar e interpretar, vamos chegar a uma conclusão, e aí cabe a nós decidir se tudo vale a pena ou não. Quando a gente amadurece, também encontra essa certeza, tenho dito!

22 de setembro de 2009

Interferências

O blog é bom porque a gente se destrava. Eu, me inspiro e venho pra cá. Ora escrevo pensamentos, cito fatos, dou opinião, conto "causos" e agora, quero ilustrar. Fiz umas fotos de uma rua bacana e decici interferir com alguns desenhos. Nada de mais, é só pra desopilar...






Cantora de rua

A feira do Lavradio tem muitas surpresas. Uma delas, talvez a melhor daquele dia, foi assistir a essa cantora de rua. Sim, já vi maluco de rua, morador de rua, malabaristas de rua, mas cantora, foi a primeira vez. E vou lhes falar, ela canta MUITO!
Na esquina da Visconde do Rio Branco com Gomes Freire. no sábado, dia da feira, ela estava ali, acompanhada do saxofonista maravilhoso e com direito a caixa de som e tudo.
Em frente a uma loja de instrumentos musicais que devia lhe patrocinar, imagino, soltava o vozeirão com um repertório que ia de Elis a Cazuza, afinadíssima e muitíssimo bem humorada. O pessoal que passava parava pra assistir e aplaudir, inclusive os carros e ônibus que chegavam ao sinal.
Uma pena que tentei descobrir o nome dela, mas por incrível que pareça, ninguém sabia. Sem problema, na próxima feira estarei lá novamente, espero que ela e seu acompanhante, também. É um show!





13 de setembro de 2009

Coisas de Santa

Santa Teresa tem muita coisa pra ser vista. Eu, como adoro a arte de rua, cliquei essas especiarias do grafitti.




10 de setembro de 2009

Bar do Zé

Numa rua tranquila que nem parece ser no Rio, muito menos na zona sul...


Tem um boteco digno de todos os pés sujos da cidade...


Aquele botequim com cara de botequim, mesmo...



Repleto de coisas que todo mundo esqueceu e muitos nunca viram...


Por onde os gatos passam para encontrar sua turma. Boêmios, sem dúvida, só não tomam uma cervejinha.

9 de setembro de 2009

O sumiço

A situação é a seguinte. Um anônimo que muito me preza, pelo visto, tem sentido a minha falta. Outros amigos, não anônimos, graças a Deus, disseram o mesmo. Resolvi então dar uma explicação pro meu "sumiço". Não viajei, quem viajou pra São Paulo foi o meu mini modem, e direto para a assistência técnica porque ele simplesmente desistiu de funcionar. Sem ele, eu fico refém da Oi Telemerda, pois com a conexão discada é praticamente impossível navegar. São vários minutos para abrir um e-mail, mais tantos para abrir a caixa de correio e outros intermináveis até entrar no webmail da Oi, que eu uso. Um tempo absurdo que é cobrado na minha conta telefônica e que eu não sinto a menor vontade de pagar, já que a conexão é tão deficiente.
Faço parte de um grupo de cariocas excluídos da banda larga. Faz tempo que venho tentando adquirir uma, mas a resposta é sempre a mesma: inviabilidade técnica!
Tentei a Net, mas onde moro só existem cabos de transmissão para a TV. Nada de telefone ou banda larga. Certa vez, um vendedor até que tentou me vender um plano para TV, mas ele me cobrou mais caro do que o valor que as pessoas normalmente pagam quando adquirem aqueles combos. Perguntei a ele porque eu deveria pagar R$60,00 só pelos canais, se meus amigos pagavam R$40,00 por eles e mais o telefone e a banda larga. O coitado foi obrigado a concordar comigo e até pediu desculpas.
Também tentei a Velox. Fiz a assinatura, o vendedor disse que eu poderia fazer uso do serviço e, em menos de 24 horas o modem chegou aqui em casa. Instalei tudo direitinho de acordo com o manual, mas nada de sinal. Daí foi uma via crucis, os técnicos vinham, tentavam, tentavam, e nada. Essa festinha durou 2 meses, e eu pagando pelo provedor, pois sem ele a velox não liberava o tal sinal.
E mesmo assim, a resposta que me deram foi exatamente essa: a P... da inviabilidade técnica. Primeiro disseram que o cabo não chegava até o meu apartamento. Como assim, se o cabo pro telefone chegava? Aí eles disseram que o sinal não ultrapassaria 150 Kbps, embora eu fosse pagar por 1 Mb!
Diante disso, continuei sofrendo com a internet discada num daqueles planos de fale e navegue, até que inventaram o mini modem. Mas "inventaram" é força de expressão, na verdade eles liberaram os sinais de uma forma mais ampla, sinais estes por antena. Daí comecei minha pesquisa entre a Oi, Tim, Vivo e Claro. Um cliente meu usava o da Vivo, mas reclamava do preço. A Tim não tinha nenhuma cobertura na minha área e os atendentes da Claro sequer conseguiam ser coerentes. O que me restou???
E assim, por necessidade, comprei o tal mini modem da Oi Velox 3G que tenho usado aqui no meu computador, na minha casa. É óbvio que rolou dor de cabeça, não poderia esperar algo diferente da Oi. A primeira compra foi pelo telefone, e eles mandaram um aparelho que não funcionava. Cancelei a compra depois de penar durante 16 dias tentando. Daí fui a loja e comprei outro lá. Fiz um novo plano, um novo chip e tudo estava indo relativamente bem até o bichinho parar no fim de semana.
Hoje, na assistência técnica da Huawei (fabricante do aparelho) descobri que o prazo é de um mês. E mais, se o defeito for no cabo, tenho que pagar do meu bolso, pois segundo a miss simpatia que lá me atendeu, a cobertura não abrange os periféricos, embora no contrato não haja nada sobre isso. Cabo é periférico? Mas faz parte do aparelho, pois sem ele, o aparelho não tem função. E a garantia é sobre o aparelho... parece confuso?
Bem, agora não adianta chorar. Mas dá vontade, pois a Oi vai me cobrar normalmente pelo sinal e aí eu vou ter que ficar pendurada no telefone tentando ligar pra lá e contestar a conta. Primeiro a gente paga, depois contesta. A oi também não me fornece nenhum outro aparelho pra que eu possa continuar navegando enquanto o meu está lá em São Paulo sendo consertado.
Logo, como não tenho permissão para abrir e-mails ou acesssar o blog no escritório, resta-me a casa dos amigos no fim de semana, ou a internet discada nos dias úteis. Porque, certamente, não vou ficar esperando vaga em lan house depois de um dia cansativo de trabalho.

29 de agosto de 2009

O circo da igreja Universal

Ainda a maldita Universal. Recebi até vídeo de presente pra ninguém achar que estou mentindo.

Embrulha e manda

O supermercado Wall Mart oferece a entrega das compras em domicílio. Não de graça, a gente paga R$5,00, e o valor das compras tem que exceder R$150,00. Pois bem, assim que passei pelo caixa, fui a um balcão onde é registrado o pedido de entrega. Ali uma moça preenche um recibo e o carrinho com as compras é deixado para o entregador levar até o caminhão que vai fazer essa entrega.
Quando lá cheguei,havia três moças. Falei que queria uma entrega, mas elas se entreolharam e sairam, cada uma para um lado. Uma disse que não sabia fazer - fazer o que, mesmo? Ah, preencher o recibo. A outra disse que estava no caixa e não podia deixar o caixa aberto (mas que diabos ela estava fazendo naquele balcão além de bater papo?) A terceira disse que aquilo não era a função dela, e não sei exatamente qual função seria essa. Daí chegou uma quarta moça sobre patins. Soube o que eu estava esperando e também se recusou, simplesmente dizendo que não ia fazer, e ponto.
Então, com a maior paciência do mundo, fiquei ali plantada esperando uma boa alma que viesse preencher o pedido. E chegaram mais duas. Uma fingiu que não me ouviu, sequer olhou para mim e com a displicência comum a todas elas, recolheu uns envelopes e saiu. A outra era uma senhora que trabalhava no caixa e percebeu o que estava acontecendo. Ela tinha ido ali pegar sacolas plásticas, mas acho que penalizou-se com minha situação, foi a sua caixa, fechou, e voltou ao balcão. Também disse que não sabia como preencher o tal recibo, pois nunca o tinha feito, mas me prontifiquei a ajudá-la e assim ela o fez. Nome, endereço, data, hora e valor da compra. Recebe os R$5,00, coloca um PG no papel, destaca duas vias, me dá uma, outra vai para o entregador e a terceira fica no talão. Só isso... mas ninguém sabia nem quis fazer...
Demorei exatos 20 minutos para que esse procedimento tão complexo fosse efetivado, e não havia ninguém além de mim precisando de entrega.
Algum tempo atrás, essa má vontade, preguiça, displicência ou sei lá o que, era motivo de reclamação em órgãos públicos. A pessoa entrava num INSS da vida e era tratado exatamente dessa forma. Já vi isso acontecer em cartórios, correios e, em hospitais, nem se fala. Agora, a coisa evoluiu para além do serviço público. Esse comportamento se tornou comum em qualquer ambiente de trabalho que lide com o público. O cobrador do ônibus, os atendentes de lojas, de padarias, de hospitais particulares, academias, parece que todos fizeram o pacto do mal atendimento, do embrulha e manda. A atendente trabalha num estabelecimento, vê um papel no chão e não pega. Porque pegaria, se isso não é a sua função? Não tem a moça da faxina?
Pegar um papel no chão, colocar uma coisa no lugar, preencher um simples recibo como o caso da entrega do Wall Mart (salvo algumas exceções), são coisas que independem de funções específicas, e qualquer um pode fazer. Ninguém vai ser explorado por isso, mas vai contribuir, e muito, para o bem estar coletivo, claro.
Em tempo: nunhuma das atendentes do Wall Mart deu um sorriso sequer, nem se desculpou por não preencher aquele maldito papelzinho. E é por isso que eu estou com o Profeta e não abro: gentileza gera gentileza.

27 de agosto de 2009

Reggae do Time

Adoro Pink Floyd. E tive o prazer de conhecer hoje o Easy Star AllsStars. Curtam Time em ritmo de reagge, é tudo de bom!

26 de agosto de 2009

Sobre a fome

Ferdinand Dimadura é um diretor de cinema que fez um curta chamado Chicken a la Carte, premiado em 2006, se eu não me engano. O filme fala da fome durante o processo de globalização. É forte, é triste e, infelizmente, verdadeiro. Recebi o link deste filme e enquanto o assistia, lembrei que essa é uma realidade mundial e que não acontece somente agora. Vira e mexe encontramos a fome em todos os seus aspectos e em tantos países onde ela possa estar, portanto, para mim essa história não é nenhuma novidade.
Em 1899 mudei para um apartamento no Bairro de Fátima, centro do Rio. Perto da minha casa ficava o supermercado Sendas e, um dia quando cheguei à noite, vi pela primeira vez uma cena que nunca gostaria de ter visto e que nunca esqueci. Várias pessoas, famílias, moradores de rua, talvez uns sim e outros não, ficavam nos fundos do supermercado esperando os restos que seriam depositados em latas e recolhidos pelo caminhão de lixo. O procedimento de levar as latas até o lado de fora da Sendas acontecia sempre próximo ao horário que o caminhão passava. Daí, era uma verdadeira ginana, pois as pessoas corriam e vasculhavam todas aquelas latas em busca de algum alimento que pudessem aproveitar. Dava até briga! Crianças corriam atrás do caminhão, penduravam-se nas suas ferragens tentando alcançar alguma coisa que os lixeiros já haviam recolhido.
Foi depois desse dia que passei a observar melhor essa tentativa quase insana de saciar a fome, e para minha surpresa, descobri pessoas vasculhando latas de lixo em vários pontos da cidade. Esse hábito, pelo que eu sei, permanece até hoje.
A globalização é uma coisa recente, mas o filme, no meu entender, não é atual. A fome é atual, e na verdade, nunca deixou de existir. Basta assistir ao maravilhoso Ilha das Flores, de Jorge Furtado que, em 1989, fez um retrato fantástico da fome através da ótica do consumo.

Chicken a la Carte


Ilha das Flores

25 de agosto de 2009

Hermana Mafalda

Mafalda saiu das tirinhas! Amei essa iniciativa em prol do bom humor de nossos hermanos argentinos.
O artista Pablo Irrgang fez a escultura que será inaugurada neste domingo (30) na rua Chile do bairro argentino de San Telmo onde a história é ambientada, a poucos metros do local onde vivia seu criador, Joaquín Salvador Lavado, o Quino.
Se nosso Drumond pode ficar na praia, porque Mafalda não pode ir pra pracinha?

23 de agosto de 2009

Arte anacrônica

Não acredito muito em choque de gerações. Acredito em choque de mentalidades, que em muitas vezes independem das diferenças etárias. Diferenças de pensamentos, opiniões ou valores são comuns até em criancinhas que estão aprendendo a se expressar de acordo com a formação que recebem.
Assim, vejo pessoas mais jovens comportando-se como idosas, e muitas mais velhas que eu agindo de maneira juvenil, quase adolescentes e, em alguns casos, imaturamente.
Mas é muito bom poder circular em todas as rodas. Hoje, tenho o prazer de conviver com pessoas mais jovens no meu trabalho que valem por muitas da minha faixa etária, em se tratando de sensibilidade, ternura e companheirismo. É bacana ouvir suas opiniões, por mais que ainda possam se modificar em função das experiências que as aguardam no decorrer de suas vidas.
Quem disse que é legal se relacionar somente com pessoas do seu próprio meio, idade ou tribo? Quem consegue viver sem trocar tantas experiências ou sem querer aprender com as diferenças?
Por isso, expresso aqui meu carinho por dois carinhas lindos, meus companheiros de ralação na editora, fofíssimos e dotados de uma sensibilidade ímpar. Aquela sensibilidade que já não encontro tanto na maior parte dos seres humanos, sejam eles jovens ou maduros, ricos ou pobres, estudantes ou graduados. Prova disso é o trabalho de um deles, as colagens anacrônicas do Rodrigo Bonfim, que eu divulgo aqui embaixo. Apreciem mais no site www.anacronico.deviantart.com