21 de maio de 2010

Brothers desesperados

Inevitável comparar. Depois de um daqueles papos sobre a programação da TV, passando pelas novelas, pelo Silvio Santos e o Faustão, chegamos ao Big Brother e tudo o que ele representa. Aí eu fiquei sabendo de um filminho básico, antiguinho até (1969), do grande Sydney Pollack e com nada menos que a Jane Fonda.
O filme se chama a Noite dos Desesperados, e rola numa das piores épocas dos Estados Unidos, a crise de 1929. Alguns podem achar que o pior momento americano foi a partir do 11 de setembro, mas eu considero que a recessão fez mais vítimas que o ataque terrorista. Não importa, acabei foi comparando a história daquele filme do século passado, com o que acontece hoje aqui no Brasil e, por que não dizer, no mundo todo.
A situação era a seguinte: pessoas (desesperadas) corriam atrás de sua sobrevivência de todas as formas possíveis e algumas, como a Jane Fonda, foram parar numa maratona desumana de dança, onde precisavam dançar quase ininterruptamente durante tantas horas aguentassem. O casal vencedor saia com 1.500,00 dólares, descontadas as despesas de roupa, médicos e alimentação. Claro que muitos não sabiam dos descontos, e a maioria estava ali somente para receber as refeições.
Era realmente desesperador, e mesmo sendo um filme, não me passou tão perto da ficção. Basta assistir ao Big Brother e àquelas provas de resistência absurdas, tanto físicas como psicológicas. Entretanto, há uma diferença. No filme, as pessoas eram famintas, pobres, desamparadas e doentes. A crise gerou tudo isso. Hoje, nos Big Brothers, os concorrentes são sarados, saudáveis e têm um teto. Apénas querem seu pequeno milhão e, pra não dizer, mais que a grana, a fama.
Já citei a frase de uma amiga, que dizia que as pessoas fazem qualquer coisa por sexo, poder e dinheiro. E o Big Brother te dá tudo isso mesmo que vc não ganhe, bastando apenas aparecer ali naquela casa.
No filme, o diretor da maratona transformava os participantes em personagens, expondo seus dramas pessoais para estimular o imaginário do público que assistia. Isso dá ibope.
Alguém já descobriu a manipulação que também rola no reality show de hoje. Casais são estimulados a ficarem juntos, um mais estouradinho vive o personagem durão e briguento da casa, tem o antipático, o simpático, o politicamente correto, e por aí vai. Na última edição havia dois homossexuais assumidos e um homofóbico que acabou vencendo. Seria coincidência essa condição tão paradoxa e geradora de polêmica, que também dá ipobe?
Talvez sim, mas eu não quero nem pensar se um dia o Brasil venha a viver uma crise como a que os Estados Unidos viveram naquela época. Quando a maioria das pessoas perderem todos os seus bens e realmente estiverem sem ter o que comer e onde dormir, o que não terão que fazer para conseguir uns trocados?

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