15 de agosto de 2009

A Lei do silêncio, o bispo e a polícia


Que o Bispo Macedo não é flor que se cheire, todo mundo sabe, ou pelo menos, quem quer saber, sabe. E durante a semana ouvi notícias de que um desfalque por ele cometido, foi acrescentado à sua já extensa ficha. Não sei se foi isso que deflagrou a manifestação da Igreja Universal, mas sei que ontem, dia 14, sexta feira, aconteceu a "Noite da Vigília" nessa mesma igreja, atravessando a madrugada com um culto pra lá de apelativo e barulhento.
Moro praticamente ao lado dessa catedral, a Catedral da Fé que, segundo dizem, é a maior da América Latina. E precisava ser tão perto da minha casa?
Eu não lamentaria esse infortúnio se não me incomodasse. Vejo todos os dias o movimento maracanístico que a igreja proporciona. Milhões de pessoas vão e vêm, oram, gritam, páram diante das pedras (segundo eles, vindas direto da Terra Santa) de suas paredes externas, tocando-as e pedindo em silêncio alguma graça divina. Existem os fiéis que trabalham pela igreja, distribuindo a Folha Universal ou tentando convencer outros a se converterem. E também os que ganham dinheiro através dela, ou talvez para ela, vendendo saquinhos cheios de uma areia que eles juram ter vindo do mesmo lugar.
Ontem, porém, a coisa extrapolou o bom senso. Imagino que, por conta das acusações contra o Bispo, essa noite da vigília adquiriu ares de protesto pela defesa do cara, pois a zona que eles fizeram foi muito além dos decibéis permitidos pela lei do silêncio.
Não bastasse o tumulto provocado no trânsito pela movimentação de dezenas de ônibus estacionando nos arredores (inclusive bem embaixo da minha janela), tinha o falatório dos fiéis que vinham para aquela noite, todos cantando alto e gritando.
Mas isso sempre aconteceu nessas "Noites de Vigília". O problema piorou quando, ao me deitar por volta das 11h da noite, ligaram os alto falantes. E começaram as músicas evangélicas, o pastor berrava e o povo respondia mais alto. Uma mulher declarou que ficou curada, não imagino de quê, pois àquela altura eu já havia fechado as janelas, a porta do quarto, ligado o ventilador e colocado o travesseiro na orelha. A música recomeçou com mais berros do pastor, aplausos e urros da multidão respondendo.
Aí tomei a providência de ligar para o 190. A atendente da Polícia Militar parecia entender meu desespero, pois sabia qual era a igreja da qual eu reclamava e prometeu uma viatura que iria ao local pedir para baixar o som. Pedir? Pensei que polícia tivesse o poder de dar ordens, aquilo não era caso de educação, pois se não tinham educação com a vizinhança...
Fiquei esperando, ainda com o travesseiro na orelha, mas a coisa foi até a madrugada. Se a polícia apareceu, não sei porque não pensei em me vestir e ir conferir na porta da igreja, no meio do Largo dos Evangélicos (como eles batizaram o lugar, inclusve com uma grande placa de sinalização).
Agora, se a polícia foi até lá, nem imagino porque não fez valer a autoridade que lhe compete para impor a lei do silêncio. Afinal, nosso prefeito e governdor não andaram dizendo que houve melhorias na polícia? Não compraram mais viaturas? O patrulhamento dos bairros não melhorou? Então, porque diabos uma simples lei do silêncio não pode ser cumprida?
Nessa mesma semana comprei uma máquina fotográfica que filma. Por preguiça, não li ainda o seu manual e não sei se ela também grava o som. Por isso, apenas tirei as fotos. E perdoem a foto noturna mal tirada. Foi fruto da insônia imposta pela Catedral do Bispo Macedo.

3 comentários:

  1. Eh uma degradação, ninguem merece esses fanaticos, espero que o Bispo e toda a sua corja apodreçam na cadeia!

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  2. no próximo culto desses doidos fanáticos, poderemos ir para algum lugar mais tranquilo, o que acha do convite?

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  3. Pois é... eles já gostam de aparecer e agora, com a Rede Globo não falando em outra coisa, a coisa tende a piorar.... a Globo da mais atenção ao bispo (?) Macedo do que aos graves problemas que acontecem no nosso Estado e no nossa Pais. Lamentavel!

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