20 de agosto de 2009

As Ibi Girls

Fico impressionada com a velocidade e a agressividade do marketing de vendas hoje em dia. Lembro que alguns anos atrás, já me incomodavam aqueles papeizinhos distribuídos na rua por desconhecidos. E como aquilo evoluiu! A princípio era uma meia dúzia de três que me dava um papel aqui, outro ali (hoje, esse papel pode ser chamado de flyer), anunciando um serviço ou um produto. Depois, a meia dúzia se multiplicou e agora eles têm gestos próprios, atitudes típicas dos distribuidores de folhetos. E vai desde uma promoção de cabelereiro até produtos de sex shop. Na Presidente Vargas, próximo à rua Uruguaiana, alguns chegam a fazer um corredor polonês. A gente passa no meio e recebe os pequenos anúncios contra nossa vontade, porque eles nos empurram aquilo nas mãos, no rosto, no corpo, e até já me jogaram alguns numa bolsa de compras que eu carregava. Desnecessário lembrar que isso contribuiu muito para a sujeira nas ruas.
Aí veio o telemarketing, que eu nem vou comentar aqui porque isso daria um relatório pra lá de complexo.
Mas hoje, caminhando no shopping para resolver um problema com meu celular, passei pela loja da Ibi. A Ibi é aquela empresa que fornece cartões de crédito, empresta dinheiro e, na TV, era, ou ainda é, não sei, representada pelo Luciano Huck em propagandas muito bem feitinhas.
E bem feitinhas também são suas atendentes, ou vendedoras, ou captadoras de clientes. Poderiam ser sequestradoras, tamanho o empenho que têm para conseguir alguém que queira dinheiro emprestado.
Foi mais ou menos assim o que eu vi hoje e já havia visto antes. Elas ficam agrupadas na porta, e enquando as pessoas passam, chamam-nas, convidam-nas a entrar. Mais parece um gesto desesperado, porque elas o fazem gritando. "Ei, senhor!" "Senhoooora!" "Oi, vem cáááá, senhor!" São várias moças uniformizadas gritando ao mesmo tempo, o que me lembrou uma feira, só que os feirantes não têm um marketing tão invasivo assim.
E é, realmente, muito invasivo. Aquelas incômodas chamadas em voz alta para convencer as pessoas, desestabilizando o ambiente.
Eu evito passar pelo corredor em frente à loja, pois sei que sou um alvo em potencial. Descobri que os alvos dessas empresas são as pessoas de idade madura e, claro, os aposentados. Idosos que passeiam sozinhos no shopping e não sabem como se defender são abordados e quase forçados a entrar, pois já vi muitas seguindo-lhes os passos, falando sem parar e até os puxando pelo braço. Não importa se o idoso tem consciência daquilo que lhe é oferecido. Não importa se ele precisa ou não de cartão ou dinheiro, nem se ele vai ter como pagar o empréstimo. O importante é captá-lo e coagí-lo a entrar. Uma vez lá dentro, ele é esquecido pela captadora e esta volta para a porta da loja para "sequestrar" mais uma vítima.
Isso me pareceu uma estratégia baseada em metas. As captadoras devem ter lá suas metas a cumprir, independente do salário que recebem, e se é que recebem. Coisas dessas empresas modernas que visam unicamente ao lucro, independente da saude mental de seus funcionários ou colaboradores, e da suposta necessidade real de seus clientes.

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