25 de novembro de 2010

Tempos de guerra

Faz muito tempo que não escrevo nada. Fiquei cansada, sei lá, faltava inspiração apesar dos assuntos não pararem de fluir durante esse tempo todo. Mas de uns dias pra cá eu vinha amadurecendo minhas idéias e a vontade de escrever veio retornando aos pouquinhos.
Hoje, especificamente, há algo para se falar, o caos em que a cidade está. Não tenho muito saco para assistir pela TV a incursão dos policiais na Vila Cruzeiro, nem gosto de ver os ônibus e carros incendiados pelas ruas. O fato é que fui dispensada do trabalho na hora do almoço, amigos meus também, e ninguém quer mais sair de casa.
Instigante, essa postura do medo. Medo do que pode acontecer se você por o pé na rua.
Penso nas pessoas que tiveram que sair por algum motivo urgente, e mesmo aquelas que não foram dispensadas de seus trabalhos, diante da iminência de um monte de loucos com garrafas de gasolina ou querosene prestes a destruir seu meio de transporte. Penso nos engarrafamentos causados por esses atos e pelas blitz que tomaram conta das ruas. Eu mesma, quando voltava para casa, peguei umas duas ´pelo caminho.
Daí, vêm os boatos. Hoje é quinta feira, e já se comenta que no sábado haverá um ataque em massa, dos bandidos. Fiquei triste, será a véspera do meu aniversário e já teve gente que, por conta desses acontecimentos, disse que talvez não compareça na festa de domingo.
Sempre imaginei como seria a festa de algum americano que faz aniversário no dia 11 de setembro. Um dia fúnebre, com certeza, e com mais certeza ainda, não gostaria que no meu dia 28 ocorresse algo dessa natureza. Mas, pelo andar da carruagem, as coisas por aqui podem muito bem evoluir para uma tragédia maior.
Mesmo assim, eu gosto de ser otimista, com todo o cuidado de não perder o foco na realidade. E também não gosto de assumir a postura da raiva e da violência, coisa que a maioria das pessoas vêm mostrando a muito tempo. Prova disso é quando escuto alguém comentar sobre o que a TV mostrou mais cedo: dezenas de traficantes fugindo da polícia, correndo por uma estrada que leva a Vila Cruzeiro ao morro do Alemão. E o comentário era de perplexidade, visto que nenhum policial os perseguiu e nenhum helicópttero sobrevoou o local atirando e matando a todos.
Confesso que quando vi a cena dos caras correndo, pensei no porquê da polícia não estar atrás deles, mas em momento algum imaginei um assassinato em massa.
Uma amiga explicou que aquilo foi uma tática de guerrilha, que a idéia era encurralar todos em algum lugar, mas depois pensei que o Complexo do Alemão é enorme, será muito mais difícil encontrar esses fugitivos por lá. Entretanto, tudo faz parte de um plano, pois o Governador disse que até dezembro o Alemão vai ser invadido pela polícia... Que seja, e será mais confusão, certamente.
Voltando à história da violência revanchista, não concordo em matar todo mundo, como não concordo com pena de morte. Se o tal helicóptero sobrevoasse aquele local e atirasse nos bandidos que por ela corriam, não seriam os policiais assassinos e igualmente bandidos? Então, para que uma polícia? Diante desse meu comentário fui julgada como uma daquelas pessoas que apóiam os direitos humanos dos marginais. Sei lá se sou assim, nunca pensei profundamente em nada disso. Só sei que não compro essa idéia do olho por olho, dente por dente e já li algo a respeito, todos ficariam cegos e banguelas.
Portanto, deixo a guerra para quem quiser estar nela, eu tô fora.

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