1 de janeiro de 2011

Harmonia

A festa do reveillon é uma festa como outra qualquer. Deve ser animada e divertida como uma verdadeira festa, e a isso elas todas se propõem. A festa do ano novo tem a diferença de ser aquela festa grande, da qual a maioria das pessoas participam, a qual todas sabem que está acontecendo, e na qual todas têm os mesmos desejos e esperanças.
A minha festa foi exatamente assim: animada, divertida e feliz. E apesar dos problemas que persistem na minha vida e na de todo mundo, mesmo quando o ano começa e eles continuam existindo, fui tomada por tanta felicidade que resolvi adotar uma palavrinha simples que pudesse lembrar ao longo desse novo ano: harmonia.
Pensei na harmonia porque a identifico como algo que pode ter a força de transpor barreiras, de amenizar conflitos, trazer paz. Quando se está em harmonia consigo mesmo, entra-se em harmonia com tudo à nossa volta. É mais ou menos como não entrar em pânico diante de situações difíceis, pois assim conseguimos superá-las.
O movimento da festa era bacana, deu para perceber o sentimento de renovação que se apropriava das pessoas, que mesmo quando não se conheciam, sorriam e interagiam felizes umas com as outras.
Claro que o local contribuiu, e muito. Uma mesa ao ar livre, no meio das árvores de um parque maravilhoso, num quiosque todo decorado em que o DJ que caprichou nas músicas fez todo mundo dançar. Aquilo, pra mim, era harmonia.
Entretanto, a gente não pode esperar que todos estejam assim. Claro que alguém pode estar numa sintonia diferente, azedar o ambiente e gerar um pequeno conflito. Isso também faz parte da festa, de qualquer uma.
Daí presenciei uma situação que não combinou com a harmonia a que me refiro. Alguém, num grupo de amigos, ficou sem cigarros no final da festa. E, como todo fumante, desejou mais um, talvez para acompanhar a saideira. Na minha opinião, um desejo muito simples. Pediu o cigarro à companheira da mesa, que também fumava. Ela lhe entregou o maço com um cigarro dentro, quando ele perguntou se era o último que ela tinha e se não se importava em doá-lo. A reposta dela foi um gesto de mão, tipo fazer o quê"?
Essa resposta me pareceu ambígua. Se ela não queria dar seu último cigarro a ele, penso que a franqueza seria de bom tom (como toda a franqueza que os amigos devem ter entre si). Se deu, deveria ter dado numa boa, sem comentar depois que o amigo não poderia ter filado nada. Ele que tivesse seu maço reserva, que viesse prevenido, ou que não fumasse mais.
Penso que um cigarro é muito pouco pra ser reclamado, principalmente num momento de confraternização. E ele só pediu um, não foi o maço inteiro...
Por isso, meu desejo de harmonia é legítmo. Para que as pessoas não reclamem de ter que dar alguma coisa, com ou sem importância. Para que as pessoas não sejam msquinhas e não economizem gentilezas para com o próximo, seja ele amigo de longa data ou apenas alguém que compartilhe com elas momentos felizes como este do reveillon. E, principalmente, para que todos consigam parar de fumar.

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