Todo mundo está perplexo e assustado diante da tragédia da Serra. Mesmo quem nunca tinha estado num dos lugares afetados, curvou-se com essa tristeza que tomou conta do país. Eu, pessoalmente, tenho uma sensação de perda indescritível, por ter conhecido essas cidades, e por ter vivido alguns dos melhores momentos da minha vida em Friburgo.
A dor é grande, perdi dois amigos e me comovo diante de tanta destruição. Os que ficaram, estão convivendo com tudo isso de uma forma, eu diria, hercúlea.
Mas é bacana ver essa tal de solidariedade brotando espontaneamente nas pessoas. Hoje no trabalho, teve arrecadação de dinheiro para comprar água. Eu já arrumei meu lote de roupas para levar aos desabrigados, e não satisfeita, já me comprometi como voluntária na Cruz Vermelha no feriado de quinta feira. Quero fazer tudo o que puder, doar sangue, embalar mantimentos e, se possível fosse, até faria parte de uma das equipes de resgate.
Cansei de ver tragédias semelhantes pelo mundo afora pela TV, mas essa, particularmente, me atingiu em cheio. Perguntariam-me por que, e eu diria que talvez, por conhecer e gostar muito daquelas bandas de lá. Talvez também por ter escolhido como meu segundo lar, assim que fosse possível, e por que não, um lar definitivo num futuro próximo da minha vida.
Agora, o paradoxo: diante de tanta atitude de bem, temos que conviver com o mau caratismo, que mais parece uma praga, uma doença que não tem cura e aparece quando menos se espera. Quando todos estão preocupados em sobreviver, surgem os espertos com a coragem de roubar os donativos destinados aqueles que perderam muito, senão tudo.
Isso é uma tragédia à parte. Desse grupo fazem parte alguns "comerciantes" que passaram a vender água SETE vezes mais caro. Esse tipo de gente deve ser psicopata, pois não é assim que os psiquiatras denominam as pessoas que nada sentem diante de algo muito grave? Pois bem, vamos conviver com isso também. Dizem que faz parte do jeitinho brasileiro" de sobrevivência, então vem tudo no mesmo pacote: a solidariedade e a pilantragem.
E pra coroar essa definição esquisita, ainda temos um governador que se deu ao trabalho de renovar o contrato com o tal centro espírita Cobra Coral, pra que as entidades que lá frequentam, fizessem parar de chover. Isso é que é dar jeitinho...
17 de janeiro de 2011
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