Dê o poder a alguém para que você possa conhecê-lo. Sempre ouvi essa frase mas nunca havia prestado atenção no que de fato ela queria dizer.
Hoje consigo entender muito bem esse antigo ditado. O convívio com o ser humano nos faz refletir em muitos ditados que nos passam pela vida e aos quais não ligamos muito. Mas um dia a gente pára, observa e bingo! Um deles sempre se encaixa perfeitamente na situação em que estamos.
Essa história do poder é muitíssimo verdadeira, e não falo do poder de um presidente da república (embora esse caso também possa fazer parte), mas do poder, pura e simplesmente, independente da política, condição social ou econômica. Basta uma breve possibilidade de hierarquia.
Lembro das palavras de uma amiga que me disse que as pessoas fazem QUALQUER coisa por dinheiro, sexo e poder, mas acho que de certo modo, isso é redundante. O cara que faz sexo se considera poderoso, o que tem dinheiro, mais ainda. No final, tudo que é conseguido nos torna poderosos, e essa é a parte boa. É bacana ser poderoso, ou no mínimo, sentir-se assim. Mas aqui, falo dos que ganham o poder e mudam seu comportamento desenvolvendo aqueles aspectos (humanos) desagradáveis.
É assim: o cara é humilde mas ganha um aumento de salário que possibilite a compra de qualquer coisa que outros a sua volta não podem ter. Pronto, sua postura já é outra, ele é até capaz de tripudiar dos que não conseguiram chegar lá. Se for questionado, o argumento quase sempre é o mesmo, os outros merecem ser tratados mal porque são "invejosos".
Esse é um exemplo basiquinho, mas certa vez li um artigo de um sociólogo comentando a ação da polícia no Rio. O policial é humilde, ganha mal, corre riscos. Mas faz da sua farda e, principalmente da sua arma, seu passaporte para o poder. Ele se dá ao direito, então, de maltratar seus semelhantes, entrar numa comunidade atirando sem olhar, destratando moradores inocentes e até agredindo-os. E muitos policiais moram nessas comunidades.
Essa história já tem um tempo, quando a polícia era questionada justamente por essas barbaridades e não existia ainda a tal Unidade Pacificadora. Mas isso não mudou muito não, basta ver a abordagem policial numa blitz. Tem duas versões e a diferença entre elas é o modelo do carro que é parado. Motoristas de carros mais caros têm tratamento diferenciado e geralmente são chamados de "Doutor".
Deixando de lado a polícia, um trabalhador qualquer de uma empresa qualquer recebe uma responsabilidade extra no seu trabalho. Mesmo sem ganhar por isso, ele pode se tornar o dono da verdade, pode entregar um colega que ele julgue não estar fazendo as coisas certas, ou exigir que os outros façam tudo exatamente como ele acha que tem que ser feito. E nem chefe de nada ele passou a ser...
É como uma vizinha que eu tenho. Durante anos foi a síndica do prédio e, mesmo também sem nada ganhar com isso, transformou-se num verdadeiro xerife. Somente as decisões dela eram válidas, tudo tinha que passar por suas mãos e suas idéias eram as únicas a serem postas em prática. Fiquei muito deprimida quando ela derrubou um coqueiro que já estava na altura da minha janela, lindo, cheio de cocos e servindo de abrigo para os pardais. Tudo bem, ganhei uma vaga para um carro que não pretendo ter
23 de março de 2010
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pode usar a vaga para visitantes? kkkk Ou alugar para terceiros? tente enxergar as coisas pelo lado da sindica. As reuniões de condominio são pouco frequentadas e quase sempre os sindicos ficam com o ônus de tomar as decisões pelos faltosos. Hj em dia no meu prédio, montamos um colegiado pra tomarmos as decisões em conjunto. É uma experiência mais interessante para todo mundo.
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