Quando lá cheguei,havia três moças. Falei que queria uma entrega, mas elas se entreolharam e sairam, cada uma para um lado. Uma disse que não sabia fazer - fazer o que, mesmo? Ah, preencher o recibo. A outra disse que estava no caixa e não podia deixar o caixa aberto (mas que diabos ela estava fazendo naquele balcão além de bater papo?) A terceira disse que aquilo não era a função dela, e não sei exatamente qual função seria essa. Daí chegou uma quarta moça sobre patins. Soube o que eu estava esperando e também se recusou, simplesmente dizendo que não ia fazer, e ponto.
Então, com a maior paciência do mundo, fiquei ali plantada esperando uma boa alma que viesse preencher o pedido. E chegaram mais duas. Uma fingiu que não me ouviu, sequer olhou para mim e com a displicência comum a todas elas, recolheu uns envelopes e saiu. A outra era uma senhora que trabalhava no caixa e percebeu o que estava acontecendo. Ela tinha ido ali pegar sacolas plásticas, mas acho que penalizou-se com minha situação, foi a sua caixa, fechou, e voltou ao balcão. Também disse que não sabia como preencher o tal recibo, pois nunca o tinha feito, mas me prontifiquei a ajudá-la e assim ela o fez. Nome, endereço, data, hora e valor da compra. Recebe os R$5,00, coloca um PG no papel, destaca duas vias, me dá uma, outra vai para o entregador e a terceira fica no talão. Só isso... mas ninguém sabia nem quis fazer...
Demorei exatos 20 minutos para que esse procedimento tão complexo fosse efetivado, e não havia ninguém além de mim precisando de entrega.
Algum tempo atrás, essa má vontade, preguiça, displicência ou sei lá o que, era motivo de reclamação em órgãos públicos. A pessoa entrava num INSS da vida e era tratado exatamente dessa forma. Já vi isso acontecer em cartórios, correios e, em hospitais, nem se fala. Agora, a coisa evoluiu para além do serviço público. Esse comportamento se tornou comum em qualquer ambiente de trabalho que lide com o público. O cobrador do ônibus, os atendentes de lojas, de padarias, de hospitais particulares, academias, parece que todos fizeram o pacto do mal atendimento, do embrulha e manda. A atendente trabalha num estabelecimento, vê um papel no chão e não pega. Porque pegaria, se isso não é a sua função? Não tem a moça da faxina?
Pegar um papel no chão, colocar uma coisa no lugar, preencher um simples recibo como o caso da entrega do Wall Mart (salvo algumas exceções), são coisas que independem de funções específicas, e qualquer um pode fazer. Ninguém vai ser explorado por isso, mas vai contribuir, e muito, para o bem estar coletivo, claro.
Em tempo: nunhuma das atendentes do Wall Mart deu um sorriso sequer, nem se desculpou por não preencher aquele maldito papelzinho. E é por isso que eu estou com o Profeta e não abro: gentileza gera gentileza.

Salve o Profeta. Ainda bem que ele não esta vivo pra ver proliferar essa falta de gentileza.
ResponderExcluirBom texto.
Marcus