6 de junho de 2009

O lixo e a teoria do caos

Outro dia no almoço, conversávamos sobre as pessoas que jogam lixo na rua. Aquelas que dispensam garrafinhas, latinhas e papéis pelas janelas dos carros e dos ônibus. Perguntávamo-nos por que diabos elas faziam isso, e aí meu colega explicou com a teoria do caos: aquela que diz que o universo tende a se desorganizar por si só, por isso é mais fácil desarrumar, desconstruir, sujar, etc.
Mas depois veio outra questão. Por que ninguém joga lixo no chão das estações do metrô? Porque estão sempre limpinhas, um respondeu. Mas estão sempre limpinhas porque ninguém joga ou porque o pessoal da limpeza está sempre varrendo tudo? Outro colega disse que no metrô tem câmeras, então as pessoas se controlam porque são vigiadas. Um quarto colega disse que viu, num hospital público, pessoas jogando papel no chão, coisa que não viu quando esteve pouco tempo depois, num hospital particular, desses mais conhecidos. Alguém vai falar da falta de educação, que a maioria dos que frequentam um hospital público vêm de uma camada mais
baixa da sociedade, portanto, não são educados... será?
Aí eu lembrei de um fato ocorrido semanas atrás. Estava num ônibus, sábado à tarde, na Av. Rio Branco e ia descer na Carioca. Não havia quase ninguém na rua, e o motorista parou num sinal, terminando de beber sua garrafinha de água. Então ele colocou o braço pra fora da janela e ficou ali, paradão, com a garrafa já vazia na mão esquerda. Pensei: ele vai jogar a garrafa pela janela. Ele olhou a rua o tempo todo em que o sinal estava vermelho pro trânsito. Parecia pensativo, olhou, olhou, mas não jogou. NÃO JOGOU! Fiquei boba, já arrependida por ter "previsto" o ato de falta de educação do cara. O sinal abriu, ele guardou a garrafa no cantinho, passou a marcha e seguiu em frente. Então, reparei que aquele pedaço da Rio Branco estava limpo, parecia ter sido varrido pelos garis, e não havia ninguém passando naquele momento. Será que aquela visão de limpeza inibiu o motorista?
Quem sabe a simples visão da organização teria o poder de inibir o caos (no nosso caso, o ato de sujar um local). Bem, as estações do Metrô são claras, espaçosas, elas passam a sensação de bem organizadas. Um hospital particular, no caso o que o meu colega citou, é bonito, bem decorado, tem harmonia entre espaço e forma e sendo assim, também dá a sensação de organização visual. A Rio Branco, naquele dia e pelo menos naquele ponto, estava organizada, nenhum papel no chão, os carros estacionados bonitinhos, nenhum em local proibido, nenhuma barraca de camelô, enfim.
Torço para que o poder público faça uma reforma na Central do Brasil, por exemplo. Deixem a Central como o Metrô, o mais parecido possível, para testar a teoria de que essa organização visual impõe respeito. Claro que só isso não resume a questão nem vai resolver, pois basta um pra começar a sujar. E acredito, ainda, que haja mais fatores para dar corda nessa nossa vã filosofia.
Ficamos refletindo durante um tempo, mas infelizmente não chegamos a nenhuma conclusão, a não ser a de que, realmente, alguns seres humanos se esforçam mais do que outros pra não deixar o caos dominar o planeta. Ainda somos minoria, mas quem sabe daqui a um tempo...

2 comentários:

  1. É óbvio que vários fatores levam o indivíduo a respeitar e manter uma cidade limpa,para isso existe as leis,o mais difícil é o brasileiro respeitá-kas,mas para cada caso devemos observar primeiro o comportamento de todos.Não considero os níveis sociais tão importantes assim pois educação vem de berço,mesmo que este berço se chame LEI.
    Quando cheguei na Suiça,há 20 anos,a lei era rígida em todos os aspéctos,principalmente na limpeza e organização de modo geral. Para que isso funcionasse havia em cada quarteirão um policial,multando os infratores (assim como as câmeras do metrô).Com esse método as pessoas se educam e passam a ensinar essa educação aos demais.
    Hoje não temos mais policiais nas ruas para esse fim e povos de outros países chegam trazendo seus costumes de desrespeito.Com isso alguns bairros da cidade são sujas,principalmente ao redor de bares e observei que quando determinados cidadãos vêm as máquinas limpando.varrendo e lavando ruas e calçadas,isso desperta a malvadeza dessa gente sem educação. Aí pergunto,e se ainda existisse as multas,através de policiais ou câmeras,eles continuariam a sujar?

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  2. jogar a garrafinha pela janela do onibus é infração média e o motorista perferia 4 pontos na carteira e multa de transito. talvez isso tenha contribuido para ele desistir de jogar a dita cuja. Temos dois olhos, dois ouvidos e só uma boca. Melhor ouvir mais e falar menos!

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