3 de julho de 2009

As minorias

As minorias

Quero falar hoje sobre as minorias. Aquelas, que uns abominam, que outros delas sentem pena e que outros por elas lutam. Pode ser a
minoria racial, homossexual, social etc. O fato é que eu me senti, dia desses, uma pessoa minoritária. Que a Cris, revisora, me perdoe se eu estiver usando mal este adjetivo, mas foi algo tão louco que, lembrando agora, me fogem as palavras adequadas.
O papo rolava sobre o acidente com o avião que saiu de Paris e caiu na África, e só uma menina sobreviveu. Ficou 12 horas no mar, sem saber nadar bem, com a clavícula quebrada e algumas queimaduras, agarrada a um pedaço da fuselagem.
Pois bem, a primeira exclamação dos falantes sobre o caso foi "um milagre!" E eu ainda ouvi: "É claro que a hora dela não havia chegado. Agora, vai explicar isso pra um ATEU..."
Como assim??? O sujeito que falou isso pronunciou a palavra ATEU como se fosse uma doença...não, pior, uma abominação. Tive a nítida impressão de que ele se referia aos ateus como pessoas desprovidas de qualquer coisa boa, como se fizesem parte do pior que existe sobre a face da terra, e juro que, pra mim, aquilo foi inédito. Já vi discriminação pesada contra homossexualismo, negros, pobres e prostitutas, mas contra um ateu, foi a primeira vez.
Não sei qual a religião do rapaz, mas sei que ele adora encher a cara e ouvir pagode (já vi preconceito contra isso também). Aí eu percebo como estamos, em se tratando de tolerância religiosa. Se antes, católicos, evangélicos e umbandistas se pegavam entre si, agora receio que todos esses se unam contra os que não têm uma religião ou que não acreditem no divino.
Ouvi as considerações exalltadas dele justificando sua opinião, e não consegui pronunciar uma só palavra de contestação, coisa que agradeço muitíssimo à minha psicóloga, pois se não fosse por ela eu já teria engrenado uma discussão. Mas confesso que senti medo, não só da iminente discórdia que se seguiria e poderia terminar em briga, mas da energia agressiva do rapaz. Havia nele uma
convicção doentia, raivosa, até. Eu ainda ouvi um colega contestar, sentindo-se ultrajado pela dureza das palavras do primeiro, mas juro que não tive nenhuma vontade de entrar no ringue. Pelo menos, agora eu sei com quem estou lidando, melhor ficar na minha e evitar desgastes desnecessários. Eu, hein...que meda!!!

Gustavo Alonso
//www.desdelaplastica.com.ar/artes/pintura/artistas/alonso_gustavo

Um comentário:

  1. isso aí é uma verdade mesmo. Sou ateu, minha família não aceita, minha namorada ja brigou muito comigo por causa disso e sempre que falo isso numa roda de amigos dem gente que me olha atravessado.
    John

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