4 de outubro de 2009

A máquina de abraçar

Esse foi o nome da peça que eu assisti nesta última sexta, no galpão do espaço cultural Tom Jobim, no Jardim Botânico. Não sou crítica de teatro nem de nada, mas tive que aproveitar meu espaço aqui pra falar dos meus sentimentos em relação ao espetáculo.
O texto do espanhol José Sanches Sinisterra é sobre as emoções autistas. Sim, ele invoca o autismo de uma personagem pra falar do afeto, o que me soou muito interessante. Na história, a personagem autista ganhara de presente uma máquina de abraçar. Porque, como todos sabem, os autistas são aqueles que vivem num mundo distante, particular, e têm dificuldades de lidar com o afeto. Por isso, a máquina chegou com a proposta de melhorar essa parte. Ela proporcionava o abraço na medida certa, no momento em que este era desejado ou necessitado.
Achei aquilo ótimo! Quantas vezes desejamos um abraço e ele não vem? Ou vem muito fraco, simplório, quando nossa intenção era um GRANDE abraço... E quando vem aquele abraço exagerado de alguém que nem temos tanta intenção de abraçar?
Transferi essa coisa do abraço, pro afeto em si. É a mesma coisa. Já desejei o afeto de pessoas que não me deram, e demorei a entender que essas pessoas não o deram, porque não o tinham para dar. Depois descobri que muitas vezes eu também já escasseei meu próprio afeto em relação a outras pessoas. Como também já fui sufocada pelo afeto excessivo, pois não precisava de tanto.
Todo mundo é assim. Mas nem todos se dão conta disso, e o que rola, então, é a chata daquela cobrança em relação ao desafetuoso de plantão. Pô, eu dou tanto carinho e quase não recebo nada em troca... eu dou tanta atenção e nunca me escutam... e por aí vai.
Acho que quando o cara imaginou essa "máquina de abraçar", ou de afeto, no meu entender, quis mostrar um tanto dessa vida louca e meio vazia de amor que levamos hoje em dia. Será necessário alguém inventar, realmente, uma parafernália dessas porque, haja visto, já vem acontecendo muita coisa nesse sentido de suprir a solidão amorosa. Ou alguém vai negar que, na internet, as salas de bate papo fazem parte desse pacote? As pessoas, na grande maioria, entram para buscar aquilo que lhes interessa, ou como a personagem autista, a pessoa na medida certa. Mesmo sabendo que essa pessoa não existe. Procura-se homens e mulheres bonitos, inteligentes, magros, românticos, que morem sozinhos, profissionais bem sucedidos, que tenham uma boa condição finaceira (essa condição é fundamental), sem filhos, sem vícios, enfim. Querem tudo isso mas NUNCA têm tudo isso pra dar.
Imagino que no futuro, dada a evolução da tecnologia e da engenharia genética, você vai acessar um chat e teclar com quem você desejar, de fato. Se quiser uma mulher igual a Gisele Bündchen, vai poder tê-la como médica, engenheira, atriz, morando sozinha, rica, sem filhos, sem cachorro, ou seja, você escolhe. Na verdade, tudo o que é conversado com ela ali, é processado num software qualquer e, após essa primeira interatividade, você usa o seu cartão de crédito e paga por ela. Sim, você vai ter que pagar. A partir do registro da conversa, a empresa pegará um daqueles clones que ficam no almoxarifado do laboratório, programa e pronto. Dali a alguns dias a "Gisele" te telefona e marca um encontro. Simples como a Oi...
Confesso que me assusto com essa galera que exige tantas coisas com o preciosismo da "medida" certa, principalmente a galera do bate papo. Pois se até hoje nunca compreendi muito bem nem o sexo virtual...

3 comentários:

  1. isso já está aparecendo em roteiros de Hollywood! Matrix, inteligência artificial, eu, robô, e outros. Acrescento à sua previsão a imagem holográfica e o dispersor de aromas para turbinar o fantástico jogo tipo procura-se gisele ou brad desesperadamente. Tô na fila da pré-venda! huahuahua Valeu imaginar como seria!

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  2. O que houve? nada a comentar? Sentindo sua falta... bjss

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  3. cadê vc?? não nos abandone...

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