3 de janeiro de 2010

Machismo?

É difícil falar sobre machismo hoje em dia porque, assim como o preconceito, ele ainda existe e é velado. Quando converso com mulheres da minha faixa etária, chegamos à conclusão de que o machismo foi bastante incentivado na nossa própria geração e por nossos próprios pais.
Não tenho irmãos homens nem convivi com meu pai, mas muitas das mulheres que conheço reconhecem o machismo em suas famílias, e eu mesma lembro de como elas sofriam, quando éramos jovens, com essa espécie de "segregação". Nunca tiveram os mesmos direitos que os irmãos homens (mesmo os mais novos), e as que não conseguiram se libertar, saíram do machismo paterno para o do marido.
Estou escrevendo sobre isso porque, dias atrás, presenciei uma cena que no meu entender, foi promovida lamentavelmente pelo machismo.
Era um ambiente de trabalho em que uma mulher, por ter mais tempo de casa e conhecer o serviço, teve a incumbência de passá-lo a alguns funcionários recentes, um rapaz e um cara com quase a mesma idade que ela. Nada estava a favor dela naquele trabalho. Lembro que os documentos estavam perdidos, a desorganização era geral e eles teriam
que fazer hora extra até realizar o serviço, a pedido do patrão. E isso no dia 30 de dezembro!
Nenhum dos dois funcionários conseguiu realizar a tarefa satisfatoriamente, e um deles, o mais velho, avisou esse fato à chefe da seção. Esta, por sua vez, desesperada ao perceber que não conseguiria entregar tudo no prazo combinado, chamou a mulher e despejou sua ira sobre a coitada, que nem teve tempo de entender o que
o outro não tinha conseguido fazer.
E o outro, achando que ela tinha culpa por ele não conseguir, correu até o local onde as duas estavam e começou a esbravejar com ela como se estivesse brigando com um jogador de outro time que havia lhe acertado a canela.
Em momento algum ele parou para ouvir o que ela tinha a dizer, ou sequer se interessou se ela pretendia pedir-lhe desculpas, talvez pelo fato de, supostamente, não haver lhe passado o serviço de maneira que ele entendesse melhor o que devia fazer.
Uma cena constrangedora, daquelas que a gente vê na rua geralmente entre homens, quando um bate na traseira do carro do outro. Daí, alguém comentou: será que ele faria isso se não fosse uma mulher? Se fosse um cara maior do que ele, mais jovem e mais forte? E se aquela mulher fosse a chefe dele? E se ela fosse uma "gatinha"?
Fiquei escutando esses comentários no elevador, enquanto descia pra rua e acabei conversando um pouco com a mulher.
Foi quando ela disse que se lembrou dos irmãos, que faziam a mesma coisa quando jovens, e com a conivência dos pais. Ela e a mãe, tinham que lavar, passar, arrumar e cozinhar para eles. Nenhum deles tirava, sequer, o prato da mesa ao final das refeições. As roupas sujas eram jogadas no chão e ainda cobravam por uma camisa limpa e bem passada. Enquanto mãe e filha ralavam na cozinha, eles divertiam-se com a TV, dormiam, ou jogavam bola. Quando voltavam da escola, ela ajudava a mãe preparando o jantar enquanto eles faziam suas tarefas de casa, ou seja, continuavam estudando.
Não sei se a formação familiar daquele cara era algo semelhante, mas se ele se achou no direito de ter aquele comportamento num ambiente de trabalho, e com uma colega de trabalho, não me parece que tenha um comportamento diferente em casa.
Isso tudo coincidiu com um livro que li recentemente, "O Livreiro de Cabul". Coisas assim não acontecem somente no Oriente Médio. Rolam por aqui também, no Brasil, o maior país da América Latina, em pleno desenvolvimento e no berço da
maravilhosa democracia. E olha que já estamos em 2010!

Queria buscar imagens pra ilustrar este post, e acabei achando muitos blogs e sites que fazem considerações bem legais sobre o machismo. Vai aí um deles:

http://controleremoto.tv/blog/2009/05/analise-sobre-o-machismo/
Esse de baixo achei interessante. As imagens fazem parte de uma embalagem de jogo Batalha Naval. Tudo a ver...


http://imlg.wordpress.com/2009/09/02/brainwash-machista/

Um comentário:

  1. Dayse, não sei se voce esperava algum comentario como o meu, ainda mais dois anos após essa pubicação, mas veja bem.
    Sou machista, e acho mesmo que a função do pai é trabalhar e da mae educar a criançada, sou filho de pais separados e nao recomendo a experiencia a ninguem.
    Não acho certo que ambos os pais sejam obrigados a trabalhar e a cuidar de filhos, imagino que seja muito pior para eles (ainda nao passei por isso) doque cada um ter um papel definido, de modo que cada um dos dois possa crescer no desenvolver de suas tarefas dando atenção aos filhos e assim lhes restando tempo habil para estudo e educação apropriada.

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